1 de fevereiro de 2025
Festa de Lira tem abraço entre Motta e Cunha, ‘climão’
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De saída da presidência da Câmara após quatro anos, Arthur Lira (PP-AL) reuniu aliados na noite de sexta-feira para uma festa de despedida na residência oficial. O evento, embalado por sucessos sertanejos, teve como protagonista também o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que deve ser conduzido ao cargo hoje com votação expressiva — o placar exato motivou um bolão entre convidados. A lista de presentes incluiu o ex-presidente da Casa Eduardo Cunha, padrinho do início da caminhada no Congresso de Motta, com quem trocou um longo abraço, e provocou o reencontro dos ex-aliados Luciano Bivar e Antônio Rueda, que viveram uma disputa acalorada pelo controle do União Brasil em 2024.

Desde o início da noite, uma fila de carros impedia a circulação nos arredores da residência oficial. Membros de quase todos os partidos foram ao evento regado a vinho, uísque 12 anos e doses de cachaça — o aguardente Cabaré, em um barril com o nome de Lira, já havia sido uma das estrelas do evento em comemoração à reeleição dele ao comando da Casa, em 2023. Embora o evento fosse de Lira, era pela passagem de Motta que muitos esperavam.

Cachaça Cabaré era servida em barril com o nome de Lira — Foto: Gabriel Sabóia

O parlamentar chegou por volta das 23h, depois de ter se encontrado com a bancada do Ceará. A presença dele roubou os holofotes e foi necessário tirar dezenas de selfies até conseguir cumprimentar Lira. Motta saiu do local por volta da meia-noite e meia, a caminho de mais um compromisso. Quando questionado sobre o porquê de ainda encontrar outros parlamentares, respondeu:

— Não tem nada ganho, preciso pedir votos.

Em uma cena inesperada até pouco tempo atrás, Elmar Nascimento (União-BA), que sonhava com a presidência da Câmara até o nome de Motta ser formalizado, pediu votos pelo agora favorito à sucessão de Lira. Pelo acordo firmado, ele ficará com a segunda vice-presidência. “É dia de votar em mim”, disse a outros deputados presentes. O bolsonarista Altineu Côrtes (PL-RJ), que será o vice de Motta, também pedia apoios de mesa em mesa para o parlamentar do Republicanos. A dúvida é se ele conseguirá superar os 464 votos de Lira há dois anos, o que representou 90% da Casa.

Hugo Motta, Zeca Dirceu e Arthur Lira na festa na residência oficial — Foto: Gabriel Sabóia
Hugo Motta, Zeca Dirceu e Arthur Lira na festa na residência oficial — Foto: Gabriel Sabóia

Foi por volta da meia-noite que todos os olhares se voltaram para o mesmo lugar: Eduardo Cunha, tido como grande fiador do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, chegou à festa para dar um abraço no antigo aliado. Ao lado da filha, a deputada Dani Cunha, o ex-presidente da Câmara desejou sorte a Motta e disse: “Eu nunca errei”. Os petistas presentes no local, entre eles o casal Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, se entreolharam ao ver os dois se abraçando. Quando questionado quanto ao número de votos que Motta registraria, Cunha brincou.

— Estou um pouco confiante, então eu acho que chegará a uns 490 — disse para risos dos presentes.

Embora o jardim da residência oficial da Câmara tenha ficado lotado, chamou atenção que apenas André Fufuca (Esporte) representou a Esplanada do governo Lula na festa. Os ex-ministros de Bolsonaro, entretanto, eram mais numerosos. Tereza Cristina, Fábio Faria, Bruno Bianco e João Roma foram ao local para cumprimentar Lira. Mas, como em toda boa festa, nem só de momentos fraternos o evento se fez.

Antônio Rueda e Luciano Bivar chegaram praticamente juntos e se mantiveram distantes, evitando até mesmo a troca de olhares. Durante a briga pelo comando do União, a defesa de Rueda chegou lançar a suspeita de que Bivar mandou incendiar a sua casa. A perícia identificou que as chamas foram provocadas, mas não houve conclusão sobre responsáveis. Os dois entraram e saíram sem trocar uma única palavra.

E, em tempos de troca de poder na Câmara, havia também quem estivesse debatendo o seu futuro. Os deputados José Guimarães e Gleisi Hoffmann eram questionados a todo instante sobre a possibilidade de serem contemplados na reforma ministerial de Lula. Os convidados apostavam que a presidente do PT será agraciada, mas Gleisi, no entanto, repreendia quem a chamava de “ministra”.

— Não fala isso antes da hora que traz mau agouro — dizia com bom humor.

Com informações de O Globo

Fonte: https://agendadopoder.com.br/festa-de-lira-tem-abraco-entre-motta-e-cunha-climao-com-ex-aliados-e-gleisi-despistando-sobre-ministerio-leia-os-bastidores/