3 de novembro de 2025
Como funciona a floresta artificial com tecnologia para filtrar o
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Campos do Jordão, no interior de São Paulo, conta com aquela que é considerada como a primeira floresta líquida do Brasil. O projeto combina inovação tecnológica, ciência e turismo. Cinco árvores artificiais foram instaladas no Parque Capivari, na Serra da Mantiqueira. Juntas, elas desempenham o trabalho de até 200 árvores naturais.

Cada estrutura funciona como um fotobiorreator, uma espécie de estufa líquida, usando microalgas para capturar gás carbônico (CO₂) da atmosfera e liberar oxigênio. O sistema opera com energia 100% renovável. Luz artificial específica e borbulhamento interno fazem a troca gasosa com o ar.

Idealizador do mecanismo, Cícero Farias define o projeto como uma ferramenta essencial para reduzir o efeito estufa. “Comecei a procurar alguma coisa que pudesse diminuir essa quantidade de CO₂ na atmosfera. E vi um artigo, lá na Sérvia, falando de biorreator. Peguei e trouxe à prática”. Ele destaca que a floresta líquida não substitui a vegetação nativa, e sim soma esforços à preservação e serve de modelo para cidades que unem turismo e impacto ambiental positivo.

Floresta artificial funciona com algas marinhas e água doce

O fotobiorreator foi batizado de life tree pelo Grupo Life Service, onde Cícero Farias é o diretor-executivo. O equipamento reúne três tubos de acrílico dispostos lado a lado, com água doce borbulhante e as algas marinhas.

Além disso, o sistema é coberto por seis placas fotovoltaicas, que captam energia solar e imitam o formato de folhas de palmeiras. De acordo com o criador da proposta, a inspiração vem do ciclo de vida da Terra.

Microalgas e fitoplânctons produzem mais de 50% do oxigênio atmosférico global. Da mesma forma, a floresta líquida reproduz esse processo de forma controlada, usando luz artificial e sensores que monitoram desempenho em tempo real.

Os engenheiros Antonio Iris Mazza e Wellington Silva Holanda desenvolveram a tecnologia idealizada por Cícero Farias em dois anos, em um laboratório em São Vicente, no litoral paulista. Um modelo da árvore custa cerca de R$ 15 mil por mês. Em julho, o Grupo Life Service instalou as cinco unidades no Parque Capivari.

Árvores artificiais filtram quase 10 mil litros de ar por hora

Cada árvore artificial é capaz de processar 160 litros de ar por minuto, com uma operação silenciosa e automatizada e com sensores que monitoram o desempenho em tempo real. Além disso, o projeto usa a biomassa produzida para fabricar fertilizantes e biocombustíveis.

“Cada estrutura é como uma cápsula viva, onde três tipos de microalgas e uma cianobactéria realizam fotossíntese de forma contínua, capturando CO₂ da atmosfera e liberando oxigênio no ar”, explica o diretor-executivo do Parque Capivari, Rafael Montenegro.

Campos do Jordão conta com a primeira floresta líquida do Brasil, filtrando o ar como 200 árvores naturais. (Foto: Bruno Passos/Divulgação Parque Capivari)

Projeto une biotecnologia, turismo e educação ambiental

O projeto da floresta artificial integra três dimensões: ambiental, social e de governança. No aspecto ambiental, captura CO₂ e gera oxigênio. Já no campo social, promove educação ambiental e atividades para turistas. Por fim, em governança, mantém dados auditáveis e relatórios públicos.

Desde agosto, a floresta líquida também funciona como sala de aula ao ar livre. Estudantes da região da Serra da Mantiqueira participam de atividades que combinam ciência, inovação tecnológica e educação ambiental.

De acordo com a prefeitura de Campos do Jordão, o Parque Capivari recebe cerca de 4 milhões de turistas por ano. “Assim, a visibilidade amplia a conscientização ambiental e transforma o turismo em plataforma educativa sobre soluções climáticas”, diz Montenegro.

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/floresta-artificial-com-tecnologia-para-filtrar-ar/