
Parlamentares de partidos que integram a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e controlam pastas na Esplanada dos Ministérios assinaram mais de um quarto dos pedidos que impulsionaram a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar fraudes nos descontos aplicados em aposentadorias e pensões pagas pelo INSS. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (30) pelo jornal O Globo.
No total, 185 deputados assinaram o requerimento — número que supera com folga o mínimo de 171 exigido pelo regimento da Câmara dos Deputados para instalação de uma CPI. A proposta tem como principal alvo o ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), e ganhou fôlego com o apoio de parlamentares de siglas como Republicanos, PP, União Brasil, PSD e MDB, todas com cargos no primeiro escalão do governo federal.
Apesar da força numérica, a criação da CPI depende agora de decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ele afirmou aos líderes partidários que há outros 12 pedidos de comissão à frente na fila, lembrando que o regimento permite apenas cinco CPIs simultâneas em funcionamento. Ainda assim, a oposição aposta na retirada de pedidos anteriores ou em um possível indeferimento por parte de Motta para viabilizar o colegiado.
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), confirmou que a oposição estuda retirar pedidos mais antigos para destravar a CPI do INSS. “Se houver sinalização de acordo da presidência, nós abrimos mão das demais CPIs”, declarou.
Partidos da base na lista
Entre os partidos com ministérios no governo Lula, o Republicanos, que comanda a pasta de Portos e Aeroportos com Silvio Costa Filho, teve sete deputados entre os signatários: Diego Garcia (PR), Franciane Bayer (RS), Ronaldo Nogueira (RS), Gustinho Ribeiro (PE), Marcos Pereira (SP), Celso Russomano (SP) e Ely Santos (SP).
O Progressistas (PP), de André Fufuca, ministro dos Esportes, contou com nomes como Josias Da Vitória (ES), Pedro Lupion (PR), Afonso Hamm (RS), Covatti Filho (RS), Pedro Westphalen (RS), Pedro Neves (SP) e Fausto Pinato (SP).
O União Brasil, partido com três ministérios e que se coligou com o PP, teve a maior lista de adesões: entre os 25 deputados estão Coronel Ulysses (AC), Eduardo Velloso (AC), Alfredo Gaspar (AL), Dr. Fernando Máximo (RO), Coronel Assis (MT), Rodrigo Valadares (SE), Felipe Francischini (PR), Mendonça Filho (PE), Kim Kataguiri (SP), Rosangela Moro (SP), entre outros.
O MDB, que também ocupa três ministérios, foi representado por parlamentares como Osmar Terra (RS), Alexandre Guimarães (TO), Ricardo Maia (MA), Renilce Nicodemos (PA) e Sérgio Souza (PR).
Já o PSD, partido do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, teve dez assinaturas, incluindo Stefano Aguiar (MG), Raimundo Santos (PR), Rodrigo Estacho (PR), Sargento Fahur (PR), Ismael (SC) e Carlos Sampaio (SP).
A ampla adesão de aliados evidencia o incômodo gerado pelas denúncias de fraudes no INSS, que envolvem descontos indevidos em benefícios sociais e provocaram uma crise na gestão de Carlos Lupi. Mesmo que o governo tente conter o desgaste, o avanço da CPI, agora com apoio de dentro da própria base, representa mais um fator de instabilidade para o Palácio do Planalto.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/fraude-no-inss-mais-de-um-quarto-dos-pedidos-de-cpi-partiu-de-deputados-da-base-aliada-de-lula/