25 de julho de 2025
General Mario Fernandes admite ao STF ser o autor de
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Em um dos depoimentos mais contundentes desde o início da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil, o general da reserva Mario Fernandes admitiu nesta quinta-feira (24) ao Supremo Tribunal Federal (STF) ser o idealizador do plano intitulado “Punhal Verde e Amarelo”. O documento, segundo a Polícia Federal (PF), continha uma proposta para o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

“Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilado de dados, um pensamento, uma análise de riscos”, afirmou o general ao ser interrogado. “Hoje, me arrependo de ter digitalizado isso.”

Fernandes, que foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), está preso desde novembro de 2024 e responde a uma ação penal que investiga uma trama golpista para manter o ex-presidente no poder mesmo após a derrota nas urnas em 2022. O material foi apreendido pela PF em um de seus dispositivos eletrônicos. Originalmente nomeado “Fox_2017.docx”, o arquivo foi rebatizado por ele próprio como “Punhal Verde e Amarelo”.

Durante o depoimento, o general tentou minimizar o conteúdo do plano: “Esse pensamento digitalizado não foi compartilhado com ninguém. Eu garanto, neste momento, que se o meu HD fosse extraído, em nada acrescentaria ao processo. Esse arquivo é absolutamente descontextualizado”.

Apesar da alegação de que o plano não passou de uma elaboração teórica e pessoal, o conteúdo se tornou peça central na acusação contra Fernandes e outros réus da chamada tentativa de golpe de Estado. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o general era responsável por coordenar ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas, além de atuar em articulações com lideranças envolvidas nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Núcleo 2: uso da máquina pública contra as eleições

Mario Fernandes integra o núcleo 2 da denúncia apresentada pela PGR, junto com:

  • Silvinei Vasques – ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF);
  • Fernando de Sousa Oliveira – ex-secretário-adjunto de Segurança Pública do DF;
  • Filipe Martins – ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência;
  • Marcelo Câmara – coronel do Exército e ex-assessor de Bolsonaro;
  • Marília Alencar – delegada da PF e ex-subsecretária de Segurança Pública do DF.

Esse grupo é acusado de ter instrumentalizado órgãos do Estado, como a PRF, para dificultar o acesso de eleitores aos locais de votação no segundo turno das eleições de 2022, sobretudo no Nordeste – reduto eleitoral de Lula. Conforme a denúncia, Silvinei, Marília e Fernando teriam coordenado o emprego irregular das forças de segurança para interferir no pleito.

Fernandes e Câmara, por sua vez, atuariam como articuladores diretos da ofensiva golpista, monitorando e tentando neutralizar figuras-chave do processo democrático.

Crimes e julgamento

O general Mário Fernandes responde por:

  • Organização criminosa armada;
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Golpe de Estado;
  • Dano qualificado por violência e grave ameaça contra o patrimônio da União;
  • Deterioração de patrimônio tombado.

O Supremo Tribunal Federal ouviu nesta quinta-feira réus dos núcleos 2 e 4 da tentativa de golpe. Em um dos depoimentos do dia, o coronel Marcelo Câmara revelou que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, usava o apelido “professora” em tom jocoso para se referir ao ministro Alexandre de Moraes – apelido que teria se espalhado entre os militares próximos ao ex-presidente.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/general-mario-fernandes-admite-ao-stf-ser-autor-de-plano-para-matar-lula-alckmin-e-moraes/