3 de maio de 2025
Gleisi Hoffmann assume protagonismo na reação do governo à crise
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A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, assumiu protagonismo na condução da resposta do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à grave crise institucional e política desencadeada por fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Investigado pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), o esquema afetou milhões de aposentados e pensionistas e levou à queda do então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, e do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.

Coube a Gleisi, à frente da articulação política do governo, liderar as negociações com o PDT para garantir a permanência do partido na base aliada no Congresso. Ao mesmo tempo, foi dela a responsabilidade por costurar a substituição dos principais nomes da área: Wolney Queiroz, ex-secretário-executivo da pasta, assumiu o Ministério da Previdência; e Gilberto Waller Jr., auditor de carreira da CGU, foi nomeado presidente do INSS.

A saída de Lupi foi tratada com cautela. Em entrevista à CNN na terça-feira (29), o líder do PDT na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), afirmou que a demissão de Lupi poderia ser interpretada como um rompimento entre o governo e o partido. Ainda assim, no dia seguinte, a bancada começou a discutir a transição, que foi oficializada com a entrega do cargo por Lupi ao presidente Lula. Em carta pública, o ex-ministro defendeu “punição rigorosa aos responsáveis” pelas fraudes descobertas no órgão.

A permanência do PDT na Esplanada foi garantida com a nomeação de Wolney Queiroz, nome de consenso entre a legenda e o governo. Ex-deputado federal por Pernambuco e articulador experiente, Queiroz é visto como peça-chave para a contenção da crise política causada pelas denúncias. A escolha também atende à estratégia do Planalto de preservar o apoio da legenda em votações prioritárias no Congresso.

Na área administrativa, Gleisi também foi central na escolha de Waller Jr., que assumirá o comando do INSS com a missão de reparar os danos causados aos beneficiários da Previdência. Caberá a ele conduzir auditorias internas e colaborar com a Advocacia-Geral da União (AGU) na definição de um mecanismo de ressarcimento aos aposentados e pensionistas prejudicados. O rombo estimado até agora é de R$ 6,3 bilhões, valor que ainda pode ser revisto à medida que avançam as apurações.

A crise compromete o esforço do governo em recuperar sua popularidade, especialmente após a virada de 2024 para 2025, período marcado por quedas nos índices de aprovação. O episódio também pressiona a Secretaria de Comunicação Social (Secom), sob o comando de Sidônio Palmeira, responsável pelas ações de imagem do governo.

Ao assumir a linha de frente tanto da operação política quanto da reorganização interna do INSS, Gleisi Hoffmann reforça sua posição como uma das figuras mais influentes do governo. Sua atuação é vista dentro do Planalto como estratégica para sustentar a estabilidade da base aliada e viabilizar a candidatura de Lula à reeleição em 2026 — objetivo que o presidente tem reiterado a parlamentares em reuniões reservadas.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/gleisi-hoffmann-assume-protagonismo-na-reacao-do-governo-a-crise-no-inss/