
Governadores de nove estados de orientação política de direita se reuniram nesta quinta-feira (7), na residência oficial do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), em Brasília, para cobrar do governo Lula ações concretas diante do tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil. No encontro, liderado pelo governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União), os gestores também defenderam a aprovação no Congresso de uma anistia ampla para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, que impacta diretamente o clima político do país.
Participaram da reunião os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Cláudio Castro (PL-RJ), Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Júnior (PSD-PR), Jorginho Mello (PL-SC), Wilson Lima (União-AM), e Ronaldo Caiado (União-GO). Tarcísio, que visitou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em prisão domiciliar antes do encontro, destacou que a anistia pode ser o caminho para diminuir a escalada da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos.
“A gente está muito preocupado com a escalada da crise, com a marcha da insensatez e os efeitos deletérios do tarifaço e do estresse nas negociações com os EUA, que afetarão diversos setores da nossa economia”, afirmou Tarcísio após o encontro. Ele ressaltou que pretende buscar apoio no Congresso para que os líderes partidários contribuam para “desescalar a crise”.
O tarifaço, que atualmente taxou produtos brasileiros em até 50%, foi adotado pelo governo de Donald Trump em resposta a investigações envolvendo o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos, bem como decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes, que sofreu sanções e teve o visto americano suspenso. Antes disso, desde abril, a taxa aplicada já era de 10%.
Governadores culpam Lula pela crise
Romeu Zema responsabilizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela situação: “Esse tarifaço é uma retaliação devido à inabilidade e aos ataques do presidente Lula aos Estados Unidos. Lula precisa dar um jeito nessa situação ou delegar a negociação ao Congresso, se não tiver coragem”.
Ronaldo Caiado criticou o governo federal por manter o clima de tensão, acusando Lula de antecipar o processo eleitoral de 2026 e prejudicar o mercado: “Se o presidente Lula não quer conversar e prefere a crise, nós governadores não queremos conviver com isso. Queremos ampliar mercado, não fechar o Brasil e penalizar o setor produtivo”.
Crise política e anistia
Além das questões comerciais, os governadores defenderam que a anistia ampla, geral e irrestrita para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro — que beneficiaria inclusive o ex-presidente Bolsonaro — seja aprovada no Congresso como forma de pacificar o país. O impasse político culminou em ocupações da Câmara e do Senado por parlamentares da oposição, que pressionam para pautar, também, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e o fim do foro privilegiado.
“Tarcísio destacou que os Três Poderes precisam ceder para resolver a crise institucional. “Não podemos ter um Poder se sobrepondo ao outro. Os Poderes devem contribuir para desescalar a crise”, disse o governador paulista.
No entanto, líderes do Congresso, como Hugo Motta (Câmara) e Davi Alcolumbre (Senado), têm resistido a pautar o impeachment do ministro Moraes e condicionam a votação da anistia a consenso entre os líderes, criticando as manifestações de protesto da oposição.
Ibaneis Rocha ressaltou a necessidade de “distensionamento e pacificação entre os Poderes” para que “o país possa caminhar junto”.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/governadores-de-oposicao-pressionam-lula-sobre-tarifaco-dos-eua-e-cobram-anistia-para-envolvidos-em-atos-de-8-de-janeiro/