10 de julho de 2025
Governistas defendem reciprocidade e reação firme a tarifaço de Trump
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Após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, deputados e senadores do governo defenderam a possibilidade de aplicar a chamada “lei da reciprocidade”, aprovada em abril deste ano no Congresso. Contudo, eles ponderaram que a implementação dessa medida depende da decisão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

A “lei da reciprocidade” permite que o Brasil reaja com sanções comerciais a países que não mantenham uma relação econômica justa com o país. No entanto, sua aplicação depende de uma análise detalhada, já que o Brasil ainda aguarda confirmação de que a tarifa de fato entrará em vigor.

O presidente Lula se reuniu na noite desta terça-feira com ministros para discutir a melhor forma de reagir à medida de Trump.


Defesa da reciprocidade e da diplomacia cautelosa

Para o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), a atitude de Trump não é novidade, considerando as ações anteriores do presidente americano. Bulhões destacou que Trump recuou de decisões similares no passado após pressões internacionais.

“É um desrespeito, uma insanidade. Um país que não cobra nada dos produtos deles, e vem uma decisão dessa, que relação diplomática é essa? Vindo do Trump, não me surpreende. Para ele recuar é rápido também”, afirmou Bulhões.

Por outro lado, a líder do PP, Tereza Cristina, que integra a Frente Parlamentar do Agronegócio, pediu calma na resposta brasileira. Segundo ela, o Brasil deve agir com equilíbrio e procurar uma solução que preserve os interesses nacionais sem comprometer as relações com os Estados Unidos.

“As nossas instituições precisam ter calma e equilíbrio nesta hora. A nossa diplomacia deve cuidar dos altos interesses do Estado brasileiro. Brasil e Estados Unidos têm longa parceria e seus povos não devem ser penalizados”, defendeu Cristina.


Reação firme e soberania nacional

O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), adotou um tom mais firme, defendendo que o Brasil não deve se submeter aos interesses estrangeiros e que a postura do Planalto deve ser firme.

“O Brasil não pode se curvar a interesses estrangeiros. É hora de reagir com firmeza, de fortalecer nossas alianças no Sul Global e de proteger a produção nacional com uma política externa soberana, ativa e altiva. Defendemos um Brasil que enfrente o imperialismo, e não que se ajoelhe diante dele”, afirmou Carvalho.

Lindbergh Farias (RJ), líder do PT na Câmara, também criticou a decisão de Trump, ligando-a à aproximação do presidente dos EUA com a oposição brasileira.

“Eu não consigo imaginar um ataque tão forte à soberania nacional. Pode trazer sérias consequências para a economia. É hora dos brasileiros, independentemente dos partidos políticos, para defenderem os empregos”, disse Farias.


Críticas da oposição e impacto no agronegócio

Já a oposição acusou o governo Lula de falhas na diplomacia e apontou que a tarifa é uma consequência direta de atritos gerados pela política externa do atual governo.

“O governo brasileiro colhe o que planta, a sua péssima política externa tem criado atritos desnecessários com relevantes parceiros comerciais. Esta aí o extrato da perseguição política”, criticou Carlos Portinho (RJ), líder do PL no Senado.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), em nota, alertou que a tarifa de Trump terá um impacto direto sobre o agronegócio brasileiro, especialmente no câmbio e na competitividade das exportações.

“A nova alíquota produz reflexos diretos e atingem o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras”, afirmou a FPA, destacando a necessidade de uma resposta estratégica e diplomática.

A FPA também enfatizou a importância de fortalecer as tratativas bilaterais e destacou que a diplomacia deve ser a principal ferramenta para resolver o impasse e evitar o isolamento do Brasil nas negociações internacionais.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/governistas-defendem-reciprocidade-e-reacao-firme-a-tarifaco-de-trump/