5 de agosto de 2025
Tebet garante que corte de gastos não irá afetar programas
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A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta terça-feira (5) que o governo federal mantém a expectativa de que os Estados Unidos recuem da decisão de sobretaxar produtos brasileiros como carne e café em 50% a partir desta quarta-feira (6). A medida foi formalizada por decreto do presidente norte-americano Donald Trump, que excluiu quase 700 itens da lista de taxação, mas manteve os dois principais produtos do agronegócio brasileiro.

“A única coisa que ficou de fora [das isenções] nos Estados Unidos, que realmente é caro para o paladar deles, é a carne e o café”, afirmou Tebet em entrevista no Palácio do Planalto. Segundo a ministra, o governo brasileiro acredita que, diante de impactos inflacionários e da repercussão negativa entre consumidores americanos, a administração Trump possa rever a medida: “Pode não acontecer dia 6, mas vai acontecer. Não tem lógica nenhuma. Até eleitoral.”

A ministra revelou ainda que há expectativa de um eventual adiamento na entrada em vigor das tarifas. “A gente pode ter uma surpresa nos próximos dias. É do interesse deles. Eles não querem inflacionar o café da manhã, o hambúrguer do final de semana”, ironizou. De acordo com ela, as análises partem também de conversas com empresários brasileiros do setor exportador, que destacam o impacto da decisão para o próprio mercado norte-americano.

Tebet citou ainda que o governo brasileiro está pronto para reagir com um plano de contingência, que poderá beneficiar setores afetados. Segundo ela, a maior parte das medidas previstas não tem impacto fiscal significativo e poderá ser implementada sem afetar o teto de gastos. “Não vamos inventar nada, não vamos tirar coelho da cartola. A pandemia nos permitiu testar medidas que se mostraram bem-sucedidas, com apoio do Congresso”, ressaltou.

Entre as ações previstas estão incentivos específicos por setor, possibilidade de compra governamental de produtos e atuação coordenada dos bancos públicos. “Acho que todos os bancos públicos vão ter que participar, obviamente. Vamos aguardar amanhã, vai que a gente ganha antecipadamente um presente de Natal e tem uma prorrogação de 90 dias na tarifa de 50%, ou uma redução já de 50% para 30%”, afirmou Tebet.

O vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera as negociações com empresários e interlocutores do governo norte-americano, também demonstrou otimismo quanto à possibilidade de reversão, ainda que parcial, das sobretaxas. Segundo participantes de um almoço no Palácio do Itamaraty, após reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (Conselhão), Alckmin avaliou que Trump pode rever a decisão ou ao menos adiar sua vigência.

Alckmin também reforçou a disposição do Brasil em dialogar com os EUA e a importância de buscar novos mercados para os produtos brasileiros. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou do encontro com governadores e ministros, sinalizou que todos os cenários estão sendo avaliados e que o governo adotará as medidas necessárias para reduzir os impactos sobre os setores atingidos.

De acordo com relatos, Lula indicou que se reuniria ainda nesta terça com Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir o tema. Uma das possibilidades consideradas pelo Planalto seria a compra de estoques de produtos afetados, como forma de mitigar perdas para os produtores nacionais.

Apesar da expectativa de reversão por parte dos EUA, a orientação do governo brasileiro é de cautela. “É preciso entender exatamente qual será a postura final do governo americano e qual o real impacto da sobretaxa na economia brasileira”, afirmou um dos governadores presentes no encontro com Lula.

A taxação sobre a carne e o café — dois dos principais itens da pauta de exportação brasileira — poderá gerar impactos bilionários para o setor agropecuário e para a balança comercial do Brasil, caso não haja recuo ou modulação por parte da Casa Branca.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/governo-acredita-em-recuo-de-trump-sobre-sobretaxa-a-carne-e-cafe-plano-de-contingencia-esta-pronto-diz-tebet/