Governo do PT cria secretaria para construção de ponte na Bahia

A maior ponte sobre lâmina d’água da América Latina, que ligará Salvador à Ilha de Itaparica, ganhou uma secretaria estadual exclusiva para tratar da obra vencida por um consórcio chinês. Criada pelo governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), a pasta foi criada para cuidar da construção da ponte e do sistema viário no entorno dela, além de resolver os problemas no atraso da construção.

Neste ano, a Secretaria Extraordinária do Sistema Viário Oeste Ponte Salvador-Itaparica custará cerca de R$ 1,4 milhão aos cofres estaduais. Para 2026, o valor previsto para manter a pasta será de R$ 5,1 milhões. Esse custo é basicamente destinado para despesas com pessoal — 33 cargos foram criados.

“Estamos falando de um sistema viário, um novo vetor de acesso, de desenvolvimento, de turismo. A ponte será um dos maiores projetos dos últimos 40, 50 anos realizados na América Latina, mas não será só a ponte”, justificou o governador petista ao comentar a criação da nova secretaria.

A pasta é responsável por coordenar, articular, promover, acompanhar e integrar as ações e projetos prioritários da fase de implantação da ponte Salvador-Itaparica. Na teoria, a secretaria deixará de existir assim que o consórcio responsável entregue a obra e passe a gerir a ponte.

O novo secretário, Mateus Dias, está familiarizado com o negócio. Ele trabalhava em projetos ligados à infraestrutura desse empreendimento na Superintendência de Planejamento e Logística de Transporte e Intermodalismo da Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra).

“Hoje nossa prioridade é garantir os estudos para a construção de uma estrutura resistente, que conecte a capital baiana à Itaparica e outros municípios, mas também o cuidado de evitar a passagem por comunidades, por zonas de proteção ambiental e interferência em corpos hídricos. Nosso projeto é todo estruturado para que essas interferências sejam as mínimas possíveis”, explicou Dias.

Ponte Salvador-Itaparica custará R$ 10,4 bilhões

Assinado em 2020, o contrato para a construção da ponte Salvador-Itaparica, com 12,4 quilômetros sobre lâmina d’água, estimava um custo de R$ 5,3 bilhões. A pandemia de Covid-19, porém, fez com que o consórcio formado pelas empresas chinesas China Railway 20th Bureau Group Corporation (CR20) e China Communications Construction Company (CCCC) pedisse uma atualização do valor.

Em fevereiro deste ano, o Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA) homologou um consenso entre o consórcio e o governo estadual para aumentar o custo da obra para R$ 10,4 bilhões. Desse total, a Bahia colocará R$ 5,047 bilhões, além de uma contraprestação anual de R$ 371 milhões nos primeiros dez anos de operação plena e R$ 170 milhões nos 19 anos subsequentes.

A construção ainda não começou. Por enquanto, a concessionária finalizou a etapa de sondagem geotécnica na Baía de Todos-os-Santos — foram necessários 12 meses para esse trabalho. No momento estão sendo finalizados o projeto de fundações da ponte e a mobilização dos canteiros de obras. Um deles ficará no estaleiro São Roque do Paraguaçu, em Maragogipe. De propriedade da Petrobras, o estaleiro não está sendo utilizado.

A ponte deverá ficar pronta somente após 2030 e a expectativa é de que ela reduza para 15 minutos o trajeto entre Salvador e a Ilha de Itaparica. Hoje, leva-se cerca de uma hora pela travessia de ferry-boat ou quatro horas por rodovia.

No sistema viário, serão criadas novas ligações e outras serão melhoradas para agilizar o fluxo de veículos na entrada e na saída da ponte. O empreendimento está dividido nas seguintes etapas:

• Trecho 1 – acessos viários em Salvador
• Trecho 2 – ponte Salvador-llha de Itaparica
• Trecho 3 – chegada da ponte à llha de Itaparica
• Trecho 4 – nova variante rodoviária (desvio de Mar Grande) a ser construída na llha de Itaparica
• Trecho 5 – recuperação e ampliação de trecho da BA-001 existente, desde a nova variante rodoviária (desvio de Mar Grande), nas proximidades de Cacha Prego, cabeceira da Ponte do Funil