
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou a pressão sobre partidos da base aliada cujos parlamentares assinaram o requerimento de urgência para a tramitação do projeto de anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro, informa Bela Megale em sua coluna no jornal O GLOBO. A articulação política, conduzida por ministros e lideranças governistas, mira diretamente legendas que ocupam cargos em diferentes escalões da Esplanada dos Ministérios.
O Palácio do Planalto reagiu com indignação ao saber que mais de 100 deputados de partidos da base assinaram o requerimento. O texto da anistia, capitaneado pela oposição bolsonarista, já conta com 265 assinaturas — superando o mínimo de 257 necessário para ser votado diretamente no plenário da Câmara.
Entre os partidos com maior número de assinaturas estão MDB, União Brasil, PP, PSD e Republicanos — todos com ministérios no governo. Além desses, também há parlamentares de legendas com postos estratégicos em autarquias e estatais, como o Podemos, responsável pela indicação do comando da Geap, operadora de saúde que atende servidores públicos.
A ofensiva do governo se concentra, neste momento, nas lideranças partidárias. Ministros de Lula têm reforçado, em reuniões reservadas, a gravidade de parlamentares apoiadores do governo endossarem uma proposta que visa livrar de punições os envolvidos nos ataques ao Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal.
Nas palavras de auxiliares próximos ao presidente, “é inconcebível que parlamentares de legendas que fazem parte do governo apoiem uma anistia que livrará golpistas que tentaram derrubar este mesmo governo e ainda planejaram assassinar o presidente da República”.
A pressão inclui alertas claros sobre o risco de perda de espaço na administração federal. Lideranças do PT defendem que o governo aumente o tom contra deputados que, embora não sejam bolsonaristas, apoiaram a urgência da proposta. A expectativa é que, até a semana de 21 de abril — quando ocorre a próxima reunião do colégio de líderes da Câmara —, o Executivo consiga retirar parte das assinaturas.
A reunião marcará o momento em que o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, deve formalizar o pedido para que a urgência da anistia seja pautada no plenário. Até lá, o governo tentará neutralizar o avanço do projeto e evitar que a proposta avance com apoio de seus próprios aliados.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/governo-lula-pressiona-base-aliada-para-barrar-apoio-a-urgencia-de-anistia-para-golpistas/