
Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (30) pela Quaest, encomendada pela Genial Investimentos, revelou que a atuação dos governadores na área da segurança pública é mais bem avaliada do que a do governo federal, segundo informa Octavio Guedes em sua coluna no portal g1.
O levantamento aponta que, para 36% dos entrevistados, os governos estaduais têm desempenho positivo no combate ao crime e à violência, enquanto apenas 25% consideram o trabalho da União satisfatório.
O dado marca uma vitória simbólica dos governadores em uma área de forte apelo junto à população, mas também evidencia um clamor crescente por maior participação federal. Segundo a sondagem, 70% dos brasileiros acreditam que a violência e o crime organizado são problemas nacionais, e não apenas regionais, como prevê a divisão de responsabilidades estabelecida pela Constituição de 1988.
Apesar das críticas à União, 85% dos entrevistados afirmam que o combate ao crime deve ser feito de forma coordenada entre o governo federal e os estados. A mensagem é clara: os brasileiros rejeitam o “jogo de empurra” entre esferas de poder e exigem respostas articuladas.
A pesquisa surge em um momento estratégico para o Palácio do Planalto. O governo Lula apresentou recentemente uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com foco em reforçar a presença federal na segurança pública e criar uma política nacional mais coordenada. A proposta, no entanto, enfrenta resistência dos governadores, que temem perder autonomia e influência sobre as polícias estaduais.
Justiça é principal alvo da insatisfação
Segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes, a principal queixa da população não está direcionada às forças policiais, mas sim ao sistema de Justiça.
“O problema hoje é a sensação geral que a polícia prende, e a Justiça solta. Esta é mais uma prova do amadurecimento do eleitor. Ele tem uma visão mais sofisticada sobre o problema. Para ele, a violência se profissionalizou, passou a demandar soluções de coordenação nacional. E a solução para ele depende de Brasília entregar leis mais rígidas”, avaliou.
De fato, a percepção de impunidade é amplamente compartilhada. Entre os entrevistados, 86% concordam com a frase “a polícia prende bandido, mas a Justiça solta porque a legislação é fraca”.
Nunes também destaca que a segurança pública tende a ocupar lugar central no debate eleitoral de 2026. “Os candidatos serão cobrados por uma agenda mais dura”, afirma.
Congresso é criticado por foco em anistia
Além do Judiciário, o Congresso Nacional também é alvo de críticas. Desde o início da atual legislatura, líderes das duas Casas — Hugo Motta (Republicanos-PB), na Câmara, e Davi Alcolumbre (União-AP), no Senado — prometeram priorizar pautas ligadas ao cotidiano da população. No entanto, segundo a pesquisa, há uma percepção de paralisia no Legislativo, que tem concentrado seus esforços no debate sobre a anistia aos réus envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.
Veja os principais números da pesquisa Quaest
Avaliação da atuação na segurança pública:
- Governo federal:
- Positiva: 25%
- Regular: 32%
- Negativa: 38%
- Não sabe/não respondeu: 5%
- Governos estaduais:
- Positiva: 36%
- Regular: 29%
- Negativa: 28%
- Não sabe/não respondeu: 7%
Violência e crime organizado são problemas:
- Nacionais: 70%
- Regionais: 26%
- Não sabe/não respondeu: 4%
Responsabilidade pelo combate ao crime organizado:
- Governo federal e estadual juntos: 85%
- Apenas governo estadual: 9%
- Não sabe/não respondeu: 6%
Você concorda que “a polícia prende bandido, mas a Justiça solta porque a legislação é fraca”?
- Concorda: 86%
- Discorda: 11%
- Não concorda nem discorda: 1%
- Não sabe/não respondeu: 2%
A pesquisa ouviu 2.004 pessoas com mais de 16 anos em 120 municípios, entre os dias 27 e 31 de março. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/governos-estaduais-sao-melhor-avaliados-que-o-federal-no-quesito-seguranca-mas-populacao-cobra-acao-conjunta-diz-pesquisa-quaest/