31 de julho de 2025
Governo brasileiro busca reverter tarifas dos EUA sobre aço e
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Em meio ao agravamento da tensão diplomática entre Brasília e Washington, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou esta quarta-feira (30) como o “dia sagrado da soberania”. A declaração ocorreu durante cerimônia no Palácio do Planalto, onde Lula sancionava um projeto de lei que proíbe o uso de animais em testes cosméticos.

Pouco antes, os Estados Unidos haviam oficializado um tarifaço sobre produtos brasileiros e aplicado sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

O presidente convocou para hoje uma reunião de emergência para discutir a reação do governo brasileiro.

— Vou me reunir ali para defender outra soberania. A soberania do povo brasileiro em função das medidas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos. Então hoje, para mim, é o dia sagrado da soberania, de uma soberania de coisas que eu gosto, dos animais e dos seres humanos — afirmou Lula na presença de ministros e parlamentares no Palácio do Planalto.

Participarão da reunião no Palácio do Planalto com ministros-chave, como Ricardo Lewandowski (Justiça), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União)

Trump impõe tarifa de 50% e mira exportações brasileiras

No centro da crise está a ordem executiva assinada por Donald Trump, que institui uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando a alíquota total para 50%. O anúncio oficial partiu da Casa Branca por volta das 15h (horário de Brasília), com a medida passando a valer em sete dias — um adiamento em relação à data previamente estipulada, 1º de agosto.

Apesar do impacto simbólico e político, o decreto traz quase 700 exceções à tarifa. Foram poupadas importantes exportações brasileiras, como aviões da Embraer, peças aeronáuticas (turbinas, motores e pneus), suco de laranja, castanhas, celulose, madeira, ferro-gusa, minério de ferro, petróleo e equipamentos elétricos.

Sanção a Moraes aprofunda crise diplomática

Além das tarifas comerciais, os EUA aplicaram sanções ao ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky — instrumento jurídico que permite punições a indivíduos considerados violadores de direitos humanos e atos de corrupção. A medida, tomada por decisão direta do Executivo americano, não exige processo judicial e pode ter impacto global, ao restringir movimentações financeiras e a entrada do sancionado em diversos países aliados.

O nome de Moraes foi incluído em um informe do Departamento do Tesouro dos EUA, que divulgou ainda dados pessoais do ministro, como data de nascimento, número de passaporte e identidade. A decisão foi interpretada pelo governo brasileiro como um ataque direto ao Judiciário nacional e elevou o grau de tensão entre os dois países.

Governo articula resposta política e diplomática

A reação brasileira, além das falas de Lula, deve envolver medidas diplomáticas articuladas pelos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores, em conjunto com a Advocacia-Geral da União. Fontes do Planalto indicam que o governo estuda acionar fóruns multilaterais e reforçar a defesa institucional de Moraes, enquanto busca proteger os setores exportadores mais vulneráveis à nova política tarifária dos EUA.

A escalada do conflito reacende o debate sobre a soberania brasileira e os limites das sanções unilaterais impostas por potências estrangeiras. O Planalto, por ora, aposta na resposta política interna e na diplomacia para mitigar os efeitos econômicos e institucionais do que considera uma dupla agressão à autonomia nacional.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/hoje-e-o-dia-sagrado-da-soberania-lula-convoca-ministros-para-reagir-a-ofensiva-do-governo-dos-eua/