14 de agosto de 2025
78% veem Congresso atuando em causa própria e reprovação cresce
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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quinta-feira, em entrevista à GloboNews, que a punição imediata e sem investigação dos parlamentares que participaram do motim para obstruir fisicamente os trabalhos da Casa não seria adequada. Ele defendeu a decisão de encaminhar o caso à Corregedoria, medida adotada na semana passada.

“Como se trata de um evento, um momento em que a Casa teve a participação de vários parlamentares, eu acho que fazer isso por rito sumário seria, na minha avaliação, a medida não correta para o momento”, declarou.

Segundo Motta, o procedimento regimental está em andamento. “Usamos o ato regimental, o corregedor já está cumprindo o prazo. Nós mandamos todas as denúncias para a Corregedoria, ele já está notificando os parlamentares e penso que nesse prazo dos 45 dias, sem prejuízo daquilo que tem que ser feito, que é a responsabilização desses parlamentares, a Corregedoria vai se manifestar e a mesa [diretora da Câmara] vai tomar as providências cabíveis, porque a gente não pode permitir que o que aconteceu volte a se repetir.”

A invasão da mesa diretora por parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) provocou a interrupção das atividades da Câmara por 36 horas. No Senado, uma ocupação semelhante durou 47 horas até a retomada dos trabalhos.

Para o presidente da Câmara, a Corregedoria precisa conduzir uma apuração imparcial e firme. “Não podemos permitir que isso vire um costume na Câmara”, afirmou. Ele reconheceu que o ex-presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), atuou nas negociações para a desocupação, junto a outros parlamentares. “Todos esses parlamentares se mobilizaram para resolver [o problema] e acho que isso é natural”, disse.

Preconceitos com pautas e temas polêmicos

Motta ressaltou que não pode ceder a chantagens políticas, mas também não pretende descartar temas apenas por divergência ideológica, citando pautas defendidas pela oposição, como a anistia e a mudança no foro privilegiado.

“Interromper pautas, qualquer que sejam elas, não é bom para a Casa. Você está tirando o direito de matérias para que elas possam ser discutidas”, observou.

Sobre a anistia, ele afirmou que a prioridade dependerá da decisão das bancadas. “Com relação a essas pautas, especificamente a pauta da anistia, a pauta do foro, está se falando também da pauta de prerrogativas, nós temos, primeiro, que entender se os partidos vão priorizar. Eu penso que a anistia continuará sendo uma pauta da oposição.”

Ao comentar sobre o foro privilegiado, Motta destacou a necessidade de atenção ao conteúdo das propostas. “Eu vejo hoje essa questão do foro com muita preocupação, tem que se ver o texto. É o fim do foro, mas qual é o objetivo?”, questionou. “O que está sendo discutido para que o foro possa ser mudado, isso não pode trazer uma sensação de que a Câmara está buscando impunidade”, completou.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/hugo-motta-descarta-punicao-sumaria-e-defende-apuracao-da-corregedoria-para-motim-bolsonarista-na-camara/