
O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do ato pró-Bolsonaro realizado no último domingo (7) na avenida Paulista, afirmou ter ficado “indignado” ao ver uma bandeira dos Estados Unidos ser estendida durante o evento. As declarações foram dadas à coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, e revelam uma divergência dentro do próprio campo bolsonarista: enquanto o religioso repudiou o gesto, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) o celebrou em suas redes sociais.
Segundo Malafaia, a presença do símbolo norte-americano em uma manifestação que marcava o Dia da Independência do Brasil comprometeu a imagem patriótica do ato. “A minha vontade era pedir para arrancar [a bandeira]. Esse pessoal não tem noção nenhuma”, disse.
Malafaia insinua “armação da esquerda”
O pastor também afirmou suspeitar de uma suposta “armação da esquerda” para desgastar a mobilização. “Pode ser até de gente nossa mesmo, de bolsonarista, de gente que não pensa. E pode ser da esquerda. Eles são terríveis”, declarou em áudio enviado à coluna.
Para ele, a repercussão foi amplificada pela imprensa. “A bandeira ficou estirada lá por poucos minutos. Mas foi a foto que eles queriam”, disse, citando veículos como Globo e Folha. O pastor prometeu que, em novos atos sob seu comando, não permitirá a presença de bandeiras estrangeiras.
Enquanto Malafaia tentava se distanciar do episódio, Eduardo Bolsonaro seguiu caminho oposto. Em publicação no X (antigo Twitter), exaltou o gesto e vinculou a imagem da bandeira dos EUA a uma suposta luta contra regimes autoritários. “As ditaduras geralmente são derrubadas de fora para dentro”, escreveu, acrescentando agradecimentos diretos ao ex-presidente Donald Trump: “MUITO OBRIGADO, PRESIDENTE DONALD J. TRUMP, POR TRABALHAR PARA CONSERTAR A BAGUNÇA DEIXADA POR SEU ANTECEDENTE”.
Do outro lado, líderes da oposição exploraram a controvérsia. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a cena da bandeira norte-americana causou “grande estrago” à narrativa patriótica defendida pelo bolsonarismo. “Ele [Malafaia] tenta explicar o inexplicável. Tinha bandeira no Rio de Janeiro, boneco do Trump em outras manifestações”, disse, acrescentando que Eduardo Bolsonaro endossou a atitude.
A troca de acusações ilustra a dificuldade da base bolsonarista em controlar a mensagem pública de seus atos. De um lado, Malafaia busca preservar a imagem nacionalista da mobilização; de outro, aliados próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como seu filho Eduardo, defendem abertamente a associação com os Estados Unidos e com Donald Trump.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/indignado-malafaia-critica-bandeira-dos-eua-em-ato-na-paulista-mas-eduardo-bolsonaro-exalta-gesto/