![INVASAO HERMANA: argentinos, chilenos e bolivianos invadem lojas da Zara](https://gazetadoleste.com/wp-content/uploads/2025/02/INVASAO-HERMANA-argentinos-chilenos-e-bolivianos-invadem-lojas-da-Zara-1024x974.jpg)
JAN THEÓPHILO
Em meados dos anos 1970 o Japão colhia os louros de um Milagre Econômico que durou 40 anos. Era tanto dinheiro correndo no país asiático que um episodio marcou época: a Louis Vuitton precisou estabelecer um valor limite nas compras de japoneses em suas lojas de Paris para evitar que um cliente arrematasse de uma tacada só toda a mercadoria. Algo semelhante, nem tanto em valor, mas em intensidade, está ocorrendo no Rio. Viajantes de diversos países vizinhos na América Latina tem cruzado fronteiras em massa com um objetivo em comum: fazer compras no Brasil. E curiosamente uma loja em especial tem atraído esses novos consumidores, que já respondem por mais da metade das vendas. No caso, a marca espanhola Zara.
“No fim do ano, a gente começou a reparar que as vendas para os argentinos estavam crescendo muito, assim como as de chilenos e bolivianos. Isso costumava acontecer em dias de grandes eventos, mas no verão veio o “boom”. Hoje, nos nossos três turnos, as vendas para os clientes latino-americanos já respondem por pelo menos 53% do nosso movimento”, diz Guilherme Coutinho, vendedor da Zara do Shopping Leblon. “Teve um dia em que metade da loja só se ouvia gente falando castelhano”.
Se você duvida, marque um tempo em uma das filiais da Zara no Rio. A espera não será longa. A cada menos de cinco minutos um argentino ou um grupo de bolivianos adentrará a loja. “Os preços na Argentina, especialmente nas regiões turísticas estão muito altos. E mesmo com o preço da passagem aérea, aqui no Rio você encontra muito mais opções, as vezes pela metade do preço e muito mais lojas de marcas como a Zara”, diz o arquiteto argentino Lucas Boccacio.
“A paixão dos argentinos pela Zara dá para ser explicada em uma única palavra: versatilidade. Na Argentina ela trabalha basicamente com produtores locais. Aqui encontramos peças do mundo todo: Turquia, China, Vietnam. São malhas mais trabalhadas, bordados, jeans de melhor qualidade”, diz a mestranda em Matemática Celina Muro, que fazia compras no Leblon ao lado do namorado, o também estudante de mestrado, Thomas Lucas. “Para você entender a diferença, uma calça jeans que encontramos aqui saiu a R$ 70. Em Buenos Aires um modelo semelhante e de qualidade inferior sai no mínimo por R$ 150”, conta Thomas.
MOEDA EXPLICA A BUSCA DOS ARGENTINOS
Nos últimos tempos as coisas não andaram fáceis na economia argentina. O leite, por exemplo, que no Brasil custa em torno de R$ 3, na Argentina chega a R$ 9. Mas mesmo assim, o número de argentinos entrando no Brasil saltou 58,3% em dezembro de 2024, segundo o Observatório das Migrações Internacionais. É fato que a Argentina enfrenta uma crise econômica que inclui inflação alta, desemprego e restrições cambiais, o que torna mais difícil para os argentinos comprar produtos no país. Mas os preços no Brasil ainda são mais baixos em comparação com os preços na Argentina, especialmente roupas, calçados e eletrodomésticos. A gasolina na Argentina por exemplo, que custava cerca de R$ 2 por litro em 2023 a, subiu para R$ 5,90 este ano.
“Comparado ao dólar, tanto o peso argentino quanto o real estão em vertigem. Mas aqui vocês têm muito mais opções de marcas do que só essa loucura aqui com a Zara”, diz o publicitário argentino Jorge Luz, que estava na loja comprando uma saia para presentear uma amiga. “Ela custou algo em torno de 15 mil pesos argentinos. Lá eu não encontraria nada parecido por menos de 30 mil”, diz Jorge.
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/invasao-hermana-argentinos-chilenos-e-bolivianos-invadem-lojas-da-zara-no-rio-e-ja-respondem-por-mais-da-metade-das-vendas/