15 de julho de 2025
Bolsonaro afirma à PF que enviou R$ 2 milhões para
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A crescente tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos, agravada pela decisão do presidente Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, acendeu o sinal de alerta no empresariado brasileiro — e provocou uma irritação do setor com o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A informação é do blog do Valdo Cruz, no portal g1.

Antes apoiadores do ex-mandatário, empresários agora demonstram desaprovar as movimentações do clã Bolsonaro no exterior, sobretudo com a atuação de Eduardo, que tem se dedicado nos Estados Unidos a angariar apoio à causa da anistia do pai e atacar o Supremo Tribunal Federal (STF). Para lideranças do setor produtivo, essa ofensiva não apenas prejudica a imagem do Brasil, como ameaça interesses comerciais concretos.

“Estamos correndo o sério risco de perdemos um mercado importante para nossos produtos, tudo em nome de uma disputa pessoal. Todo mundo sabe o que aconteceu no país, eles fizeram uma aposta de risco e agora deveriam enfrentar as consequências”, afirmou à reportagem um empresário de São Paulo que, até pouco tempo, se declarava aliado do ex-presidente.

A percepção é de que tanto Jair quanto Eduardo Bolsonaro agem em benefício próprio, sem medir os danos para a economia brasileira. “Bolsonaro e seus filhos estão ‘rifando’ o Brasil em nome de interesses pessoais, quando um ex-presidente da República jamais deveria tomar esse caminho pelo cargo que ocupou”, declarou outro empresário ouvido pela reportagem. Ele lamentou ainda a expectativa frustrada de que Bolsonaro pai teria uma postura mais responsável do que a do filho, o que não se concretizou.

A crítica do empresariado coincide com uma mudança de postura do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), considerado até então um herdeiro político do bolsonarismo. Antes visto como conivente com a radicalização do grupo, Tarcísio agora tem sido elogiado por empresários por demonstrar preocupação com os impactos da tarifa imposta por Trump e se afastar da retórica extremada de Eduardo Bolsonaro.

Segundo fontes do setor privado, o governador paulista “corrigiu o rumo” ao sinalizar divergência com o comportamento da família Bolsonaro e se alinhar aos interesses econômicos do país. “Tarcísio de Freitas precisa sim se diferenciar da postura ‘radical e irresponsável’ do filho do presidente, que conta com o apoio do pai”, avaliou um dos empresários ouvidos.

Outro interlocutor reforçou que é isso que se espera de lideranças públicas: compromisso com o bem-estar nacional, e não com a sobrevivência política de um grupo. “É isso que se espera de um político que pensa no país e não nos seus interesses pessoais e do seu grupo político”, declarou.

A reação do empresariado sinaliza um realinhamento de forças no campo da direita brasileira, com parte do setor produtivo rompendo com o bolsonarismo e buscando novas alternativas que unam conservadorismo econômico e responsabilidade institucional. O agravamento da crise comercial com os EUA pode acelerar ainda mais esse processo.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/irritado-com-o-cla-bolsonaro-empresariado-brasileiro-quer-distancia-do-ex-presidente-apos-tarifas-de-trump/