
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil acusou nesta terça-feira (15/7) o governo dos Estados Unidos de promover uma “nova intromissão indevida e inaceitável” em assuntos internos brasileiros, especialmente relacionados ao funcionamento do Poder Judiciário.
A reação brasileira veio por meio de uma nota oficial divulgada pelo Itamaraty, em resposta às recentes manifestações do Departamento de Estado norte-americano e da embaixada dos EUA em Brasília. “O governo brasileiro deplora e rechaça, mais uma vez, manifestações do Departamento de Estado norte-americano e da embaixada daquele país em Brasília que caracterizam nova intromissão indevida e inaceitável em assuntos de responsabilidade do Poder Judiciário brasileiro”, diz o comunicado.
O Itamaraty também destacou que as declarações norte-americanas “não condizem com os 200 anos da relação de respeito e amizade entre os dois países”, em uma tentativa de preservar os vínculos diplomáticos apesar da crise.
As críticas dos EUA ocorreram após declarações de Darren Beattie, subsecretário do Departamento de Estado, que justificou a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — proposta por Donald Trump — como uma resposta a decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e ao tratamento que o governo Lula tem dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Pena de Bolsonaro pode chegar a 43 anos
Bolsonaro é investigado como líder de uma organização criminosa que, segundo as acusações do Ministério Público, planejou um golpe de Estado em 2022. O ex-presidente está sendo julgado no STF e pode pegar até 43 anos de prisão, além de já estar inelegível por decisão da Justiça Eleitoral.
A embaixada dos Estados Unidos no Brasil também se manifestou, afirmando que as tarifas e falas de Trump representam uma resposta a “ataques contra Jair Bolsonaro”. A leitura do governo brasileiro, no entanto, é de que tais posicionamentos ferem o princípio da não interferência em assuntos internos, especialmente em relação às instituições do país.
Essa não é a primeira vez que a diplomacia norte-americana se pronuncia sobre o cenário político e judicial do Brasil. Em fevereiro, o Bureau de Assuntos para o Hemisfério Ocidental criticou medidas do ministro Alexandre de Moraes contra plataformas digitais, classificando-as como “censura”. Posteriormente, o secretário de Estado Marco Rubio chegou a sugerir a possibilidade de sanções contra o magistrado.
Apesar da tensão, o Itamaraty informou que mantém negociações comerciais com os Estados Unidos desde março, antes mesmo do anúncio do tarifaço por Trump. O governo brasileiro reforça que as tratativas econômicas devem continuar com base no diálogo e no respeito à soberania.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/itamaraty-reage-e-acusa-eua-de-intromissao-indevida-e-inaceitavel-em-decisoes-do-judiciario-brasileiro/