9 de agosto de 2025
AGU elabora parecer para regular atuação de cônjuges de presidentes
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A primeira-dama Janja Lula da Silva defendeu nesta sexta-feira (8) o aumento da participação feminina na política e a mobilização para enfrentar a violência de gênero que, segundo ela, contribui para afastar mulheres de cargos eletivos. As declarações ocorreram no evento Energia Delas, promovido pela Petrobras no Rio de Janeiro, que reuniu autoridades e representantes da sociedade civil para debater diversidade e estratégias de inclusão. As informações são da Folha de S.Paulo.

“Nós não vamos ter potência para votar leis que importam definitivamente e que atingem a nossa vida diretamente, se nós não tivermos mais mulheres no Parlamento”, afirmou Janja. “E a gente sabe da violência política que as mulheres sofrem naquele lugar. Seja no Congresso Nacional, nas Assembleias Estaduais ou nas Câmaras. A gente tem que fazer com que as mulheres não desistam disso.”

Ela também criticou a resistência masculina em aceitar a paridade nos espaços de poder. “Eu ainda não sei que medo que esses homens têm dos 50/50. A gente quer, a gente precisa que os lugares de decisão e poder tenham espaços iguais entre homens e mulheres.”

Avanços e desafios

O Energia Delas marcou a primeira edição da iniciativa, que também apresentou resultados internos da Petrobras. Atualmente, a empresa conta com maioria feminina na diretoria — cinco dos nove cargos, incluindo a presidência, ocupada por Magda Chambriard. Em seu discurso, Chambriard lembrou a lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que reserva 30% das vagas em conselhos de administração de estatais para mulheres. Na Petrobras, no entanto, o conselho segue com predominância masculina: nove homens e duas mulheres.

A ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Edilene Lôbo chamou atenção para os índices reduzidos de representação feminina, especialmente entre mulheres negras. “Na magistratura, apenas 6% são mulheres negras. A democracia só será legítima, só será autêntica, quando as mulheres negras ocuparem o lugar que elas representam”, afirmou. Atualmente, apenas 17,7% dos assentos na Câmara dos Deputados e 7,5% das cadeiras nas câmaras municipais são ocupados por mulheres.

Violência política

Apesar de avanços legislativos, a violência política de gênero continua sendo apontada por especialistas como um dos principais obstáculos à ampliação da presença feminina nos espaços de poder. Dados da Secretaria da Mulher da Câmara mostram que, entre 2013 e maio de 2025, foram registradas 63 denúncias — número considerado subestimado. O problema atinge todas as esferas, de prefeituras a cargos no Congresso, e já levou figuras como a ex-deputada Manuela D’Ávila a se afastarem da vida pública.

Levantamento da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) sobre a campanha eleitoral de 2024 identificou um número recorde de ocorrências: ao menos 338 casos entre julho e setembro do ano passado. Apesar disso, homens representaram 71% das vítimas, o que pesquisadores atribuem ao fato de ainda serem maioria no cenário político nacional.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/janja-defende-mais-mulheres-na-politica-e-combate-a-violencia-de-genero-em-evento-no-rio/