12 de setembro de 2025
Lula ameaça rever cargos federais de aliados que apoiarem anistia
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O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou o recado aos parlamentares: quem votar a favor do projeto que concede anistia a Jair Bolsonaro (PL) e aos condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro poderá perder cargos federais. Segundo apuração da Folha de São Paulo, ministros e líderes partidários foram alertados de que a votação será tratada como um divisor de águas para as eleições de 2026.

A orientação do Executivo é de barrar o projeto antes mesmo de chegar ao plenário da Câmara, onde cabe ao presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) definir a pauta. Se a proposta avançar, interlocutores de Lula admitem que o Planalto acionará instrumentos como revisão de nomeações e travamento de emendas parlamentares.

Divisor político para 2026
Um aliado próximo ao presidente afirmou que a votação da anistia definirá claramente quem está com o governo e quem não está, informação considerada vital para a estratégia eleitoral do próximo ano. As tratativas se intensificaram após a condenação de Bolsonaro no STF a 27 anos e 3 meses de prisão, envolvendo partidos do centrão e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Hugo Motta, que inicialmente se opunha à votação da anistia, passou a admitir a possibilidade de discuti-la diante da pressão de líderes partidários.

Ameaça já foi usada em outras ocasiões
Não é a primeira vez que o Planalto ameaça rever indicações. Em abril, parlamentares foram cobrados por apoiarem o pedido de urgência ao projeto da anistia, e em fevereiro de 2024 o Executivo avisou que deputados que assinassem pedidos de impeachment contra Lula sofreriam consequências.

Agora, o contexto é ainda mais delicado: partidos como União Brasil e PP já falam em desembarque, e a aprovação da anistia poderia gerar crise institucional e repercussão internacional. Integrantes do governo avaliam que a medida significaria vitória política dos Estados Unidos, em meio à ofensiva de Donald Trump contra o Brasil e à imposição de sobretaxa de 50% a produtos nacionais.

Gleisi Hoffmann lidera contraofensiva
A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) afirmou nas redes sociais que quem permanecer no governo deve ter compromisso com Lula e suas pautas. Segundo ela, a exigência vale tanto para parlamentares quanto para apadrinhados em cargos federais.

A pasta já prepara um relatório detalhando todas as nomeações feitas por indicação partidária, incluindo estatais, autarquias e postos regionais. A estratégia de Gleisi é mobilizar ministros de partidos do centro para evitar que o projeto chegue à votação e, paralelamente, garantir a aprovação de medidas prioritárias, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Se necessário, ministros licenciados que detêm mandatos no Congresso deverão reassumir seus assentos para votar contra a proposta.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-ameaca-rever-cargos-federais-de-aliados-que-apoiarem-anistia-a-bolsonaro/