O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou para o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, na sexta-feira (16), cobrando explicações sobre sua declaração a respeito de um possível reajuste no Bolsa Família. O ministro, que estava no interior do Piauí, precisou esclarecer sua fala, que gerou desconforto no governo, alta do dólar, queda da Bolsa e um desmentido oficial da Casa Civil.
Em entrevista ao portal DW, Dias foi questionado sobre um possível aumento do benefício diante da inflação dos alimentos.
— Vamos tomar uma decisão (sobre reajuste) dialogando com o presidente, porque isso repercute. Será um ajuste? Será um complemento na alimentação? — disse, afirmando que o tema estava “na mesa” e que uma definição viria até março.
A fala irritou Lula, que cobrou explicações. Dias alegou que apenas mencionou um estudo sobre o impacto da inflação nos beneficiários e que não havia decisão sobre aumento do auxílio. Para minimizar o desgaste, enviou ao gabinete presidencial a gravação da entrevista.
Haddad ficou surpreso, e Casa Civil soltou nota desmentindo ministro
A declaração pegou de surpresa os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Casa Civil, Rui Costa, que desconheciam qualquer debate sobre reajuste. Para evitar mais ruídos, a Casa Civil divulgou nota negando estudos sobre o tema:
“A Casa Civil informa que não existe estudo no governo sobre aumento do Bolsa Família. Esse tema não está na pauta e não será discutido.”
No Planalto, assessores de Lula consideraram a declaração inoportuna, reforçando que o reajuste “sequer está no horizonte” do governo. O episódio ocorreu no dia em que Lula cumpria agenda positiva na Bahia, inaugurando obras de segurança hídrica.
Duas horas após o desmentido, Dias divulgou nota alinhada à Secom, esclarecendo que “não há nenhum estudo em andamento sobre o aumento do benefício e nem agenda marcada para tratar do tema”.
A crise se soma ao desgaste provocado pela revelação de que ONGs ligadas a petistas, contratadas por sua pasta, não entregaram refeições conforme previsto. No Planalto, o cenário pressiona Dias em meio às discussões da reforma ministerial, mas não há definição sobre sua permanência no cargo.
Com um orçamento de R$ 291 bilhões, a pasta do Desenvolvimento Social é cobiçada por partidos do centrão, mas, por conta do Bolsa Família, Lula reluta em entregá-la a um nome fora do PT.
Aliados do ministro minimizam a crise e destacam que ele já se reuniu cinco vezes com Lula neste ano para alinhar metas até 2026. Neste domingo (18), Dias embarca para Roma, onde participará da 48ª Sessão do Conselho de Governança do Fida, acompanhado da primeira-dama Janja da Silva. O retorno ao Brasil está previsto para quarta-feira (21), e, nas próximas semanas, ele deve acompanhar Lula em agendas sobre o Bolsa Família e o programa Acredita.
Com informações de O Globo
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-cobra-wellington-dias-por-fala-sobre-reajuste-do-bolsa-familia/
