
Durante evento realizado nesta sexta-feira (25) em Osasco (SP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e se colocou à disposição para dialogar com o governo norte-americano, especialmente em relação à tarifa de 50% que os EUA pretendem impor sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
“Se o presidente Trump tivesse ligado para mim, eu certamente explicaria para ele o que está acontecendo com o ex-presidente”, afirmou Lula, em referência à alegação de Trump de que Jair Bolsonaro estaria sendo perseguido politicamente. Segundo o líder brasileiro, essa informação é falsa. “O Bolsonaro não está sendo perseguido, ele está sendo julgado com todo o direito de defesa”, pontuou.
Críticas à carta de trump e defesa da democracia
A tensão diplomática ganhou força após Trump enviar uma carta a Lula no último dia 9 de julho, justificando as tarifas com base em uma suposta perseguição a Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. O presidente norte-americano também pediu anistia ao ex-mandatário brasileiro.
Lula rebateu com firmeza: “Ele [Bolsonaro] tentou dar um golpe nesse país, não queria que eu e o Alckmin tomássemos posse, e chegou a montar uma equipe para matar o Lula, o Alckmin e o presidente do TSE. Isso está provado por delações deles mesmos”, disse, em referência às investigações em curso.
O presidente também criticou a postura do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que viajou aos Estados Unidos para pedir apoio internacional. “Foi uma total falta de patriotismo, vocês na Câmara têm que tomar uma atitude”, declarou aos parlamentares presentes.
Disposição para negociar e defesa das big techs
Diante das ameaças tarifárias, Lula acionou o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, além do chanceler Mauro Vieira, para liderar as negociações com os EUA. Um comitê de diálogo com o setor produtivo brasileiro também foi criado.
“Trump, o dia que você quiser conversar, o Brasil estará pronto e preparado para discutir, para tentar mostrar o quanto você foi enganado”, disse Lula. Ele destacou que Alckmin é o “conversador número 1” do governo e pediu que os EUA tratem o Brasil com “respeito e delicadeza”.
Trump também acusou o Brasil de promover ataques contra empresas digitais norte-americanas e aplicar censura às plataformas. Lula aproveitou para reafirmar o compromisso do governo com a regulação das big techs: “Eles têm que respeitar a legislação brasileira. Não pode ficar promovendo ódio entre adolescentes, contando mentira, tentando destruir a democracia.”
Dados comerciais e resposta possível
Lula também questionou as alegações de prejuízo comercial dos EUA. Segundo o presidente, os americanos acumulam um superávit de US$ 410 bilhões nas trocas com o Brasil nos últimos 15 anos. “Quem deveria estar reclamando éramos nós, mas estamos querendo negociar”, afirmou.
Embora o governo brasileiro estude acionar a Lei de Reciprocidade Econômica, a prioridade, segundo Lula, continua sendo o diálogo. “Estou colocando meu companheiro, o vice-presidente da República, que é um homem calejado, para negociar. E ele sabe que o Brasil tem razão”, finalizou.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-convida-trump-ao-dialogo-e-rebate-tarifa-com-tom-diplomatico-e-firmeza/