
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nesta terça-feira (29) com os três ministros indicados pelo União Brasil no Palácio do Planalto. Participaram do encontro Celso Sabino (Turismo), Waldez Góes (Integração Nacional) e Juscelino Filho (Comunicações). A reunião, que não constava na agenda oficial da Presidência, aconteceu em meio ao aumento da tensão política com a sigla após declarações do líder do partido no Senado, Efraim Filho (PB).
Nos últimos dias, Efraim ganhou destaque ao participar de um evento político ao lado de Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama e uma das principais figuras do PL. No ato, realizado em João Pessoa (PB), o senador anunciou que colocaria à disposição do governo os cargos que havia indicado em órgãos federais na Paraíba — como a Codevasf e os Correios — e sinalizou apoio a uma futura candidatura bolsonarista no estado.
Efraim amplia alinhamento com a direita e critica STF
Durante o evento na capital paraibana, Michelle Bolsonaro oficializou apoio à eventual candidatura de Efraim ao governo estadual. “A Paraíba vai mudar a sua história com Efraim no governo do estado e com Marcelo Queiroga senador”, disse, exaltando a “política como ferramenta de transformação”.
Em seu discurso, Efraim reforçou o tom conservador e atacou diretamente o Supremo Tribunal Federal (STF). “É inadmissível ver uma condenação cautelar de Jair Bolsonaro e ver o pivô da Lava-Jato ser colocado nas ruas livres, por invalidar provas”, afirmou, em crítica à Justiça por decisões recentes envolvendo o ex-presidente e o ex-juiz Sergio Moro.
A movimentação de Efraim é vista por aliados do governo como uma tentativa de se desvincular da base lulista em busca de consolidar apoio entre eleitores bolsonaristas. Internamente, a estratégia gerou incômodo no Planalto, que tenta manter uma aliança funcional com o União Brasil, partido com uma bancada expressiva no Congresso e espaço garantido na Esplanada dos Ministérios.
Silêncio oficial e bastidores tensos
Embora nenhum dos ministros presentes na reunião nem o próprio Palácio do Planalto tenham comentado publicamente o motivo do encontro, fontes ouvidas reservadamente relataram que a conversa teve como objetivo avaliar o impacto político das declarações de Efraim e discutir a manutenção da aliança com o União Brasil.
O gesto de Lula ao reunir os ministros do partido fora da agenda formal foi interpretado como tentativa de conter danos e reafirmar o compromisso do governo com os aliados que ainda compõem a base governista, especialmente em um cenário em que as articulações para as eleições municipais de 2026 já estão em curso.
O União Brasil tem enfrentado fissuras internas entre os grupos mais alinhados ao governo e os que caminham para o campo da oposição. A declaração de Efraim e o apoio de Michelle Bolsonaro tornaram explícitas essas divisões, colocando ainda mais pressão sobre a relação da legenda com o Planalto.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-convoca-ministros-do-uniao-brasil-apos-apoio-de-efraim-filho-a-bolsonaro/