
Em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão na noite desta terça-feira (30), véspera do Dia do Trabalhador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou compromissos com a pauta trabalhista e social de seu governo.
O chefe do Executivo endossou o debate sobre o fim da jornada de trabalho no regime 6×1 — seis dias trabalhados para um de descanso — e, pela primeira vez, comentou publicamente a fraude envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões pagos pelo INSS, revelada na “Operação Sem Desconto”.
“Vamos aprofundar o debate sobre a redução da jornada de trabalho vigente no país, em que os trabalhadores passam seis dias no serviço e têm apenas um de descanso. Está na hora do Brasil dar esse passo, ouvindo todos os setores da economia, para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar”, declarou Lula.
Veja a íntegra do pronunciamento:
A proposta de fim da escala 6×1 ganhou força na Câmara dos Deputados neste ano com a apresentação de uma PEC de autoria da deputada Érika Hilton (PSOL-SP), que defende mudanças na legislação para garantir melhores condições de descanso e qualidade de vida aos trabalhadores.
Combate à fraude no INSS e medidas de reparação
Durante o pronunciamento, Lula também quebrou o silêncio sobre o escândalo das fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social. O presidente afirmou que determinou à Advocacia-Geral da União (AGU) que processe as associações envolvidas no esquema de descontos ilegais sobre benefícios previdenciários, com o objetivo de garantir a reparação aos aposentados e pensionistas prejudicados.
A “Operação Sem Desconto”, deflagrada pela Polícia Federal, revelou um esquema de corrupção envolvendo entidades que cobravam valores sem autorização de beneficiários do INSS, gerando um prejuízo estimado em milhões de reais.
Reforma do IR e destaque a políticas públicas
Lula aproveitou o espaço para anunciar o envio ao Congresso do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para pessoas físicas. Segundo ele, quem ganha até R$ 5 mil por mês ficará isento, e quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7 mil também será beneficiado com a nova tabela.
Em tom de balanço, o presidente mencionou conquistas de seu governo, como a criação de 3 milhões de empregos formais em dois anos e a redução do desemprego ao menor nível da série histórica. Também destacou ações voltadas ao alívio financeiro das famílias, como o programa Desenrola Brasil, o crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada e medidas de apoio aos microempreendedores, incluindo maior participação em licitações públicas.
“Em apenas dois anos, 3 milhões de postos de trabalho com carteira assinada foram criados. Saímos do maior para o menor desemprego da história”, afirmou.
Lula também citou o aumento do salário mínimo e disse que 90% das categorias profissionais tiveram ganhos reais. No campo educacional, exaltou o programa Pé-de-Meia, voltado à permanência de estudantes do ensino médio da rede pública, oferecendo incentivo financeiro para combater a evasão escolar.
Ausência nos atos sindicais e reconfiguração do 1º de Maio
Diferentemente dos últimos anos, Lula optou por não comparecer aos atos presenciais organizados por centrais sindicais em São Paulo para marcar o 1º de Maio. Em 2024 e 2023, o presidente esteve presente em eventos unificados. Neste ano, porém, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) se distanciou da organização do evento conjunto, o que resultou na ausência do mandatário.
Ainda assim, Lula recebeu representantes das centrais sindicais no Palácio do Planalto na manhã desta quarta-feira, em um gesto simbólico de valorização do diálogo com o movimento trabalhista.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-defende-fim-da-jornada-6×1-em-pronunciamento-do-dia-do-trabalhador-esta-na-hora-do-brasil-dar-esse-passo/