
Em visita ao Acre nesta sexta-feira (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e criticou duramente a ocupação das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado por parlamentares da oposição. A declaração foi feita durante discurso em Rio Branco, em meio a uma cerimônia que anunciou investimentos federais no estado.
Ao se dirigir ao senador Sérgio Petecão (PSD-AC), aliado do governo, Lula pediu que ele não assinasse o pedido de impeachment de Moraes, destacando que o ministro está “garantindo a democracia”. “Quem deveria ter o impeachment são esses deputados e senadores que ficam tentando fazer greve para não permitir que funcionem a Câmara e o Senado, verdadeiros traidores da pátria”, afirmou.
A crítica do presidente ocorre após a ocupação simbólica das mesas diretoras das duas Casas Legislativas, por dois dias, por parlamentares bolsonaristas. Eles protestaram contra a decisão de Moraes que determinou prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de pressionar o Congresso a pautar uma anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e o impeachment do ministro.
Pressão sobre o Senado
Apesar da mobilização, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), já sinalizou que não dará andamento ao pedido de impeachment. Alcolumbre retomou o controle da Mesa Diretora na manhã de quinta-feira (7), após dois dias de ocupação por parlamentares aliados a Bolsonaro. Os senadores da oposição, no entanto, seguem tentando utilizar as 41 assinaturas que reuniram para pressionar o comando da Casa.
Durante o evento no Acre, Lula estava acompanhado de Petecão, único senador acreano alinhado ao governo federal. Os outros dois representantes do estado no Senado — Alan Rick e Márcio Bittar, ambos do União Brasil — são apoiadores de Bolsonaro.
Investimentos federais no Acre
A passagem de Lula pelo Acre marca sua primeira visita ao estado desde o início do atual mandato. Ele anunciou um pacote de R$ 1,1 bilhão em investimentos do governo federal, distribuídos em áreas como infraestrutura, energia, educação, regularização fundiária e transportes.
Um dos principais anúncios foi a destinação de R$ 870 milhões para manutenção e recuperação da BR-364, estrada estratégica para o escoamento da produção local. As obras, divididas em quatro lotes e abrangendo 12 dos 22 municípios acreanos, devem gerar cerca de 12 mil empregos, segundo o governo.
Apesar do evento, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), não compareceu à cerimônia no Teatro Estadual Palácio das Artes.
Região bolsonarista
Historicamente administrado pelo PT por duas décadas consecutivas, o Acre passou a ser considerado um reduto bolsonarista desde as eleições de 2018. Em 2022, Jair Bolsonaro obteve 70,3% dos votos válidos no segundo turno no estado, contra 29,7% de Lula. O atual governador, Gladson Cameli (PP), que esteve presente ao evento, apoiou Bolsonaro na última campanha presidencial.
Depois do Acre, Lula seguiu para Porto Velho, em Rondônia — outro estado majoritariamente favorável ao ex-presidente nas últimas eleições e atualmente governado por Marcos Rocha (União Brasil). A agenda nas duas regiões faz parte de uma estratégia do Planalto para ampliar a presença do governo federal em áreas onde há maior resistência política ao PT.
LEIA MAIS
Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-diz-que-traidores-da-patria-no-congresso-deveriam-perder-mandatos/