21 de setembro de 2024
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O clima esquentou durante a cerimônia realizada em Porto Alegre, nesta sexta-feira (16), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, protagonizaram uma troca de críticas em seus discursos.

O evento, marcado pela tensão, revelou as divergências entre os dois líderes em relação à gestão das calamidades no estado e a atuação do governo federal.

Leite iniciou seu discurso abordando as dificuldades enfrentadas pelo Rio Grande do Sul, especialmente em relação às calamidades naturais, como a seca, que afetou severamente o estado.

O governador destacou a importância de uma resposta rápida e eficaz do governo federal para lidar com as emergências regionais, insinuando que o apoio oferecido até então não havia sido suficiente. Leite ressaltou o sofrimento da população gaúcha e a necessidade de maior atenção por parte de Brasília. Leite citou uma entrevista dado por Lula antes do evento em que ele citou a insatisfação do governador.

“Presidente, também ouvi na entrevista que o senhor falou que o governador está sempre insatisfeito — disse. — Temos essa característica de demandar muito, mas é importante deixar claro que o povo gaúcho não é mal-agradecido, o povo gaúcho não é ingrato, o povo gaúcho agradece todo o apoio que recebe”, afirmou Leite.

“Nosso papel é agradecer, mas também demandar”, afirmou Leite

O governador, porém, disse que continuará cobrando ações eficazes:

“Nós agradecemos os apoios que são alcançados, mas também sabemos o que é de direito da nossa população, do nosso estado, e demandamos. Nosso papel como governantes em uma federação é agradecer o que foi feito, mas também demandar, pedir”, completou.

Em resposta, Lula subiu ao palco e rebateu as declarações de Leite, deixando claro que, como presidente, sua responsabilidade abrange todos os estados brasileiros.

“Eu não disputo nada com você”, disse Lula a Leite

“Então, Eduardo, eu quero que toda vez que você olhar para o governo federal você saiba que você tem um amigo. Eu não disputo nada com você, não disputo popularidade. Eu não sou gestor, eu sou um político, e gosto de fazer política”, disse o presidente.

Lula enfatizou que, embora compreenda as dificuldades enfrentadas pelo Rio Grande do Sul, ele deve cuidar de outras situações emergenciais em todo o país, sem queixas, mas com ações concretas.

O presidente mencionou as crises enfrentadas por outros estados, como a situação crítica dos Yanomamis em Roraima, as secas no Pantanal e na Amazônia, destacando que a região amazônica está passando pela maior seca de sua história.

Lula reforçou que sua administração se empenha em oferecer suporte a todas as regiões do país, sem distinção, e que é preciso agir dentro do possível para minimizar os impactos dessas calamidades.

O presidente também reiterou que não está em posição de reclamar das dificuldades, mas sim de trabalhar para resolvê-las, sugerindo que Leite deveria adotar uma postura mais colaborativa.

O evento, que tinha como objetivo promover a união e a cooperação entre os diferentes níveis de governo, acabou destacando as divergências políticas e a tensão entre o governador e o presidente.

A troca de farpas entre os dois líderes evidenciou os desafios da coordenação entre governo federal e estadual, especialmente em tempos de crise.

Leite, embora tenha reconhecido a complexidade de gerir um país com as dimensões do Brasil, manteve sua postura crítica em relação à resposta federal, enquanto Lula defendeu a necessidade de uma visão mais ampla e integrada para enfrentar as adversidades nacionais.

Com informações de O Globo

Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-e-eduardo-leite-trocam-farpas-em-evento-tenso-no-rio-grande-do-sul/