Lula ironiza ameaças de Trump em inauguração de linhão e reafirma soberania do Brasil

Durante a cerimônia que marcou a integração de Roraima ao Sistema Interligado Nacional, Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou o discurso para responder às recentes declarações da Casa Branca. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, havia sinalizado que não hesitaria em recorrer ao “poder econômico e militar” em defesa da liberdade de expressão, em meio às críticas à Justiça brasileira pelo julgamento de Jair Bolsonaro. Em tom de desafio e ironia, Lula afirmou que o Brasil é dono do próprio nariz e sugeriu: “Ao invés de ficar brigando, o Trump devia conhecer nosso sistema interligado. Seria mais útil para os EUA”.

Linhão Manaus-Boa Vista entra em operação
O evento aconteceu no Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em Brasília, e contou com a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Lula acionou simbolicamente o botão que deu início à energização do Linhão Manaus-Boa Vista, obra de R$ 2,6 bilhões com 725 km de extensão. O empreendimento conecta o único estado até então isolado do sistema, ampliando a segurança energética e abrindo espaço para a substituição gradual de usinas térmicas. Segundo o governo, a interligação deve reduzir emissões de CO₂ em mais de 1 milhão de toneladas ao ano e gerar economia de R$ 500 milhões com combustíveis fósseis.

Alívio para os consumidores
A promessa é que a conta de luz em Roraima seja reduzida em R$ 45 milhões mensais, com impacto direto na CCC (Conta de Consumo de Combustíveis), paga por todos os brasileiros. Só na fase de obras, o projeto gerou 3 mil empregos diretos, além de oportunidades indiretas. “Chega de ser um país em desenvolvimento. Essa transição energética nos permite dar um salto de qualidade”, disse Lula.

Perspectiva regional e internacional
O presidente defendeu que o modelo do linhão pode ser replicado em outros países da América do Sul. Alexandre Silveira destacou a possibilidade de Roraima, que consome apenas um quarto da energia gerada, fornecer eletricidade a vizinhos como a Venezuela. Lula encerrou reiterando que o Brasil não aceita imposições externas: “Somos soberanos. O país não deve nada a ninguém em termos de competência e resiliência”.