
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou neste domingo (3) do encerramento do 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília, e cobrou que a legenda amplie sua representação no Congresso Nacional. Segundo ele, a força parlamentar do partido é limitada e compromete a governabilidade.
“Nessa eleição, nosso partido só elegeu 70 deputados de 513. Se nós fossemos bons, como nós pensamos que somos, teríamos 100 e poucos deputados. Essa ressonância magnética é que norteia as ações políticas do governo. Se depender só de nós a gente não aprova nada. Se depender de quem apoia a gente, a gente também não aprova nada. A arte da política é convencer”, afirmou.
Lula destacou que aprova projetos importantes, como a reforma tributária, com base em diálogo e concessões. “Se não for assim você não faz política e não governa. Quando você ganha, você tem que cair na real, senão você não governa. Eu não preciso saber se o presidente da Câmara gosta de mim. Eu tenho que saber que ele é presidente de uma instituição e que eu preciso mais dele do que ele de mim, e preciso conversar. Porque ele ocupa um posto importante.”
Reencontros e autocrítica no evento
O encontro contou com a presença de nomes históricos do partido. O ex-ministro José Dirceu, condenado no escândalo do Mensalão, foi ovacionado com gritos de “Dirceu, guerreiro do povo brasileiro” e deve disputar uma vaga na Câmara dos Deputados em 2026. Lula também cumprimentou o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, igualmente condenado no passado e agora pré-candidato a deputado federal.
“Nós precisamos daqui para frente reparar erros que cometemos. Se a gente não comentar os erros, podemos continuar cometendo. Estou feliz que o companheiro Delúbio está presente nesta plenária. Acho extremamente importante a volta do José Dirceu à direção nacional”, disse o presidente.
Reações ao tarifaço de Trump e críticas à oposição
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas a produtos brasileiros gerou reações no encontro. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou a postura do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), investigado por supostamente articular sanções contra autoridades brasileiras.
“Agora temos que lutar ainda pela soberania. Nunca achei que a gente fosse passar por isso. Ainda pela família de um ex-presidente que entrega nosso país ao estrangeiro. Uma gente traidora que nos vende, que tentou dar um golpe e agora quer um golpe continuado”, disse Gleisi.
O tom eleitoral também esteve presente na fala do senador Humberto Costa (PE), que presidiu o partido interinamente nos últimos cinco meses. Segundo ele, Lula enfrentará a eleição mais desafiadora de sua trajetória. “A extrema-direita continua viva e disposta a destruir os valores. A mentira e o ódio tentam se impor. Temos pela frente eleições decisivas, as eleições das nossas vidas. Elas podem consolidar um projeto civilizatório. O PT precisa mais do que nunca ser um projeto enraizado na vida real das pessoas”, afirmou.
Nova direção reafirma alinhamento com o Planalto
A posse de Edinho Silva como novo presidente nacional do PT marcou o encerramento do evento. Ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho é considerado um aliado direto de Lula. Com histórico de atuação nas campanhas presidenciais do petista, ele também foi ministro da Secretaria de Comunicação no governo Dilma Rousseff e tesoureiro do partido.
Sua eleição reforça o alinhamento do PT com o governo federal, num momento em que Lula busca ampliar a base no Congresso e fortalecer os vínculos com movimentos sociais. Cerca de mil delegados de todas as regiões do país participaram das discussões sobre o novo regimento interno e as diretrizes partidárias.
Apesar de disputas internas, a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual fazem parte Lula e Edinho, manteve o controle da maioria do Diretório Nacional. A permanência da CNB no comando reduz as chances de mudanças profundas nas diretrizes políticas do partido.
O encontro também debateu estratégias para 2026, a relação com a frente ampla e a expansão da presença digital do PT. A nova direção pretende investir em linguagem acessível, engajamento com criadores de conteúdo e ampliar o alcance da militância nas redes. O bom desempenho recente em campanhas sobre temas como a taxação dos super-ricos e soberania nacional foi citado como modelo a ser intensificado nos próximos anos.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-pressiona-pt-para-eleger-mais-parlamentares-em-2026-se-nos-fossemos-bons-teriamos-feito-mais/