O presidente Lula (PT) se reúne na manhã desta quarta-feira (16), segundo informa o colunista Lauro Jardim, do jornal O GLOBO, com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, após a repercussão das críticas do ministro ao veto “ideológico” que, segundo ele, estaria impedindo o avanço de uma licitação para a compra de 36 veículos blindados israelenses pelo Exército brasileiro. O encontro, que não consta na agenda oficial, ocorre em meio a pressões internas dentro do PT pela demissão de Múcio, mas Lula já reafirmou seu apoio ao ministro, garantindo sua permanência no cargo.
A polêmica começou durante um evento com empresários, no qual Múcio afirmou que as “questões ideológicas” estavam travando a conclusão da licitação, vencida pela empresa israelense Elbit Systems em abril. As declarações causaram mal-estar entre membros do governo. O principal opositor à compra dos blindados é o ex-chanceler Celso Amorim, assessor-chefe de Assuntos Internacionais da Presidência, que considera incoerente a compra de armamentos israelenses, dado o posicionamento crítico de Lula em relação ao genocídio cometido por Israel na Faixa de Gaza e suas ações no Líbano. Amorim defende que o Brasil adote uma política mais alinhada com seus princípios de crítica às ações militares de Israel. Além disso, o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, considerou Lula “persona non grata” no país após o mandatário brasileiro comparar o genocídio em Gaza com o Holocausto.
Lula, em entrevista à rádio O Povo/CBN de Fortaleza na última sexta-feira (11), adotou um tom conciliador ao minimizar o episódio, revelando que Múcio já havia demonstrado preocupação com o impacto de suas falas. “Ele me ligou apavorado: ‘acho que eu falei alguma coisa que não devia ter falado’. Eu falei: ‘Múcio, não se preocupe. Aquilo que a gente falou já está falado. Já foi explorado. Esqueça e toque o barco para frente’”, relatou o presidente, reafirmando sua confiança no ministro.
Lula deixou claro que o episódio não comprometeu a posição de Múcio no governo: “o José Múcio continua meu amigo, meu ministro da Defesa, uma pessoa em quem eu tenho não apenas muita confiança, mas por quem eu tenho uma estima profunda pela lealdade dele comigo, antes e durante o governo”.
Nos bastidores, fontes do Planalto afirmam que Múcio já havia discutido a situação com o presidente, propondo uma solução intermediária para destravar a negociação com a Elbit Systems, ao mesmo tempo em que tentou mitigar as objeções levantadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A licitação, inicialmente vencida pela empresa israelense, foi paralisada após o TCU impedir que o contrato fosse dado ao segundo colocado, gerando um impasse administrativo e político.
Há especulações de que Múcio teria feito as críticas públicas como uma forma de pressionar sua saída do governo, diante dos frequentes conflitos em torno de sua gestão. No entanto, pessoas próximas ao ministro negam essa versão, argumentando que Múcio tem uma postura de diálogo e lealdade ao presidente.
Com informações do 247.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-se-reune-com-ministro-da-defesa-apos-receber-critica-por-veto-a-compra-de-blindados-israelenses/