O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem recebido conselhos para buscar um nome externo ao governo como substituto do ministro José Múcio Monteiro no comando do Ministério da Defesa. Alguns interlocutores avaliam que a transferência do vice-presidente Geraldo Alckmin, atualmente à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, para a pasta seria uma escolha delicada. Isso porque colocaria Alckmin em uma posição de constante mediação entre o governo e o PT, partido do presidente, o que poderia gerar tensões desnecessárias.
José Múcio, conhecido por seu perfil conciliador, já manifestou ao governo o desejo de deixar o cargo no próximo ano, quando completará 77 anos. Segundo o ministro, ele deseja dedicar mais tempo à família, especialmente aos netos, após uma carreira intensa e atribulada. Múcio também destacou que, durante sua gestão, não conseguiu sequer um dia de descanso devido à alta demanda e aos desafios enfrentados no cargo.
A substituição de Múcio será uma decisão estratégica para o governo, dada a relevância do Ministério da Defesa e os constantes desafios de articulação com as Forças Armadas.
O inquérito que investiga a tentativa de golpe no país desgastou os militares. Coube a Múcio pregar sozinho que não se pode generalizar as Forças Armadas com a atuação de generais no plano golpista.
No meio disso, o governo incluiu no pacote fiscal mudanças nas regras de aposentadoria dos militares. O Congresso deixou essa discussão para 2025. Nova crise.
Em vídeo institucional, a Marinha fez críticas indiretas ao pacote, ironizando que teriam privilégios. “Quer privilégios? Vem para a Marinha”, dizia a gravação, mostrando a dura rotina de treinamento dos militares.
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), jogou mais lenha na fogueira ao misturar a reação aos militares envolvidos no plano golpista. “Também é grave que o vídeo ofensivo seja divulgado quando um ex-comandante da Marinha é indiciado por participar do plano de golpe de Jair Bolsonaro”, postou ela nas redes sociais.
No governo desde a primeira hora, Múcio vem atuando como bombeiro desde antes de assumir o cargo. Foi o primeiro-ministro a ser escolhido por Lula, ainda antes da posse, justamente para apaziguar o clima de rejeição nas Forças a um governo de esquerda.
Na ocasião, precisou buscar no então presidente Jair Bolsonaro (já derrotado nas urnas) apoio para ser recebido pelos comandantes e fazer a transição. Mesmo assim, o então comandante da Marinha se recusou a ir à posse do sucessor. Almir Garnier Santos foi um dos alvos da PF em operação sobre a tentativa de golpe de Estado.
Também foi Múcio quem atuou para desmobilizar acampamentos nas portas dos quartéis que pediam intervenção militar para evitar a posse de Lula. Na época, disse que tinha amigos entre os acampados e pediu calma. Em conversas reservadas, afirmara que havia familiares de militares entre os acampados, o que tornava a situação delicada.
Além de Alckmin, outro nome sempre lembrado em Brasília para a vaga é o do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ele deixa a vaga em fevereiro. As especulações nesse sentido, contudo, geram desconfiança no grupo de Pacheco de que sejam uma tentativa de tirá-lo do caminho do Ministério da Justiça, uma vaga cobiçada pelo grupo Prerrogativas. Ricardo Lewandowski, atual ministro, é cotado para assumir uma vaga na embaixada de Portugal.
Com informações do UOL.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-tem-sido-aconselhado-a-buscar-nome-fora-do-governo-para-nao-desgastar-alckmin-na-relacao-com-militares/