O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em entrevista nesta sexta-feira, classificando-o como um adversário “político, ideológico e do modelo de governança”. Lula sugeriu que Campos Neto, indicado pelo governo anterior, não está alinhado com a atual administração e reiterou que o momento de o substituir está se aproximando, referindo-se ao fim de seu mandato no final de 2024.
Durante a entrevista à rádio maranhense Mirante News FM, Lula declarou: “O presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico e adversário do modelo de governança que nós fazemos. Ele foi indicado pelo governo anterior e faz questão de dar demonstração de que não está preocupado com a nossa governança, ele está preocupado é com o que ele se comprometeu.” O presidente ainda acrescentou que a troca de Campos Neto será um passo necessário para que as coisas voltem à normalidade, mencionando que o nervosismo especulativo não afetará a seriedade da economia brasileira.
As críticas de Lula vêm em um contexto de tensões recentes entre o governo e Campos Neto. Nos últimos dias, Lula acusou o presidente do BC de ter um “lado” e de não demonstrar “capacidade de autonomia”. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, anunciada na quarta-feira, de manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano, após sete cortes consecutivos desde agosto do ano passado, foi lamentada por Lula. Mesmo os diretores do BC indicados por Lula votaram pela interrupção do ciclo de cortes.
A tensão no mercado foi evidente antes da reunião do Copom, com o dólar atingindo R$ 5,48, embora tenha fechado a R$ 5,44. Após as declarações de Lula e a decisão do Copom, o dólar fechou em R$ 5,46 na quinta-feira, revertendo a queda registrada no início do pregão. Especialistas acreditavam que a manutenção da taxa de juros em 10,50% proporcionaria algum alívio ao dólar, que acumulou uma valorização de mais de 12% no ano.
O mandato de Campos Neto vai até o fim de 2024 e, no início do próximo ano, ele será substituído por um sucessor indicado por Lula.
Com informações de O Globo.
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