
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retorna dos Estados Unidos nesta quinta-feira (25) com uma agenda delicada em Brasília: reorganizar sua equipe diante do iminente desembarque de PP e União Brasil do governo. A saída dos dois partidos, que oficializaram a criação de uma federação e caminham para a oposição, ameaça abrir espaços estratégicos na Esplanada dos Ministérios.
Segundo aliados, Lula pretende reacomodar esses postos oferecendo-os a legendas de sua base, como PSD, PDT, PSB e até Republicanos. A preocupação, agora, vai além da governabilidade no Congresso: o presidente busca estruturar alianças regionais que garantam palanques para sua tentativa de reeleição em 2026.
A dança das cadeiras no Planalto
O primeiro impacto será no Ministério do Turismo. Celso Sabino já avisou a Lula que entregará o cargo até sexta-feira (26), após o União Brasil antecipar a ordem para que seus filiados deixem funções no governo. A decisão da cúpula partidária foi unânime e veio logo depois de denúncias contra o presidente da sigla, Antonio Rueda, acusado de ligação com aviões operados pelo PCC — o dirigente nega qualquer envolvimento.
Sabino, que tem domicílio eleitoral no Pará, buscava permanecer no cargo ao menos até a COP-30, em novembro, para capitalizar politicamente o evento em Belém. Ele chegou a negociar com Lula e a mobilizar aliados, mas não conseguiu convencer a direção do partido.
No Ministério do Esporte, André Fufuca tenta uma saída negociada. O ministro articula com o PP a possibilidade de se licenciar da legenda até o fim do ano, evitando deixar a pasta em meio a entregas programadas. Três dirigentes do partido avaliam que não há motivos para a saída imediata, e aliados de Ciro Nogueira indicam que o presidente do PP estaria aberto a essa solução temporária.
Silvio Costa Filho, do Republicanos, titular da pasta de Portos e Aeroportos, também está no centro da movimentação. Embora seu partido ainda não tenha oficializado ruptura com o governo, a federação com PP e União Brasil pode complicar sua permanência.
Aposta na esquerda e nas redes
Além de tentar conter perdas, Lula se movimenta para reforçar os laços com a esquerda. O presidente sinalizou a aliados que pretende nomear o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Secretaria-Geral da Presidência, no lugar de Márcio Macêdo (PT). A pasta é estratégica, responsável pela interlocução com movimentos sociais.
A troca teria como objetivo reenergizar a base social, em especial a juventude, e ampliar a presença digital do governo. Lula quer fortalecer a atuação nas redes sociais e combater a narrativa bolsonarista, buscando repetir o crescimento de engajamento alcançado na campanha de 2022.
Estratégia para 2026
A tensão atual revela a dificuldade de equilibrar compromissos políticos em um cenário de rearranjos partidários. Lula tem dito a ministros que apoiará candidaturas estaduais, mesmo sem coligações formais, como forma de construir palanques para 2026. O apoio a nomes do centrão, ainda que seus partidos se distanciem do Planalto, faz parte de um cálculo pragmático para garantir musculatura eleitoral.
O retorno do presidente a Brasília, portanto, marca o início de uma nova fase de ajustes no governo. A necessidade de recompor a base, conter perdas e reorganizar apoios regionais se entrelaça com a preparação para uma disputa presidencial que já começou a ser costurada nos bastidores.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-volta-dos-eua-nesta-quinta-e-prepara-reforma-ministerial-em-dialogo-com-boulos-e-o-centrao/