O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, deve entregar o cargo nesta sexta-feira (2), segundo apurou o jornal Folha de S.Paulo junto a auxiliares do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora não haja indícios de envolvimento direto do ministro no esquema de descontos indevidos aplicados sobre aposentadorias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), integrantes do governo consideram que ele falhou ao não agir com a urgência e firmeza necessárias para conter o problema.
Segundo interlocutores ouvidos pela reportagem, o desconforto de Lupi se agravou nos últimos dias, sobretudo após ser alijado do processo de escolha do novo presidente do INSS. A nomeação do procurador federal Gilberto Waller Júnior, com perfil técnico e “poder de xerife”, teria sido conduzida diretamente pelo Palácio do Planalto, sem a participação do ministro, aumentando a percepção de enfraquecimento político.
O caso das fraudes no INSS veio à tona com força nas últimas semanas, após investigação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União revelar que o esquema, que teve origem em 2016 durante o governo de Michel Temer (MDB), se intensificou a partir de 2019, no mandato de Jair Bolsonaro (PL), e ganhou proporções bilionárias já em 2023, durante o terceiro governo Lula. O modelo fraudulento consistia em descontos irregulares feitos nos benefícios pagos a aposentados e pensionistas, supostamente para o pagamento de serviços como “consultorias previdenciárias” e “clubes de vantagens”.
Apesar de aliados do presidente Lula ressaltarem que a atual gestão foi responsável por iniciar a apuração do caso e implementar medidas para reverter os danos — como a troca no comando do INSS —, a percepção interna é de que Lupi acabou simbolizando a omissão frente ao escândalo. A avaliação no Planalto é que sua permanência à frente da pasta já não é politicamente viável.
De acordo com fontes do governo, a ministra Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, está encarregada das articulações para viabilizar a saída de Lupi de forma negociada, já que o ministro é presidente licenciado do PDT, aliado da base governista. A expectativa é de que ele peça demissão ainda nesta sexta, ou, no mais tardar, até segunda-feira (6).
Enquanto isso, o governo busca demonstrar compromisso com o enfrentamento das irregularidades. A nomeação de Gilberto Waller Júnior, cuja primeira reunião no cargo está prevista também para esta sexta-feira com o advogado-geral da União, Jorge Messias, sinaliza um esforço por retomar o controle institucional sobre o INSS e dar respostas mais contundentes à sociedade.
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/lupi-deve-entregar-o-cargo-nesta-sexta-apos-desgaste-com-escandalo-no-inss-diz-folha/
