A deputada estadual Martha Rocha (PDT) fez um duro discurso no plenário da Assembleia Legislativa (Alerj), na quarta-feira (17), durante a discussão do projeto do governo estadual sobre saídas temporárias de presos.
Primeira mulher a chefiar a Polícia Civil do Rio de Janeiro, ela rebateu uma postagem do secretário da corporação, delegado Felipe Curi, e classificou a manifestação como um caso de violência de gênero.
Na semana passada, Curi publicou críticas às emendas apresentadas pelos parlamentares aos projetos que tratam da Lei Orgânica da Polícia Civil e da reestruturação de cargos – foram cerca de 500 acréscimos.
Para ilustrar sua opinião, lembrou que o secretário utilizou uma reportagem que destacava uma emenda de autoria de Martha, voltada a ampliar a presença de mulheres em espaços de poder dentro da instituição.
Críticas à postura do secretário
A deputada demonstrou indignação com o fato de Curi ter escolhido justamente uma proposta de sua autoria para ilustrar a crítica. “As críticas foram ampla, geral e irrestrita, mas o secretário optou por linkar sua fala à foto de uma mulher. Me chamou profundamente a atenção”, afirmou. Ela lembrou que, apesar de as mulheres representarem 40% do efetivo da Polícia Civil, ainda são poucas em cargos de chefia.
Em tom de cobrança, a deputada destacou que a atuação parlamentar é legítima no processo democrático e que cabe ao Legislativo apresentar emendas sempre que necessário. “Vivemos num estado democrático, em que é nossa atribuição examinar e corrigir projetos de lei apresentados nesta Casa”, ressaltou.
Resgate de trajetória e solidariedade
Durante o discurso, a deputada recordou sua gestão à frente da Polícia Civil, quando, segundo ela, garantiu que Felipe Curi pudesse assumir a titularidade de uma delegacia mesmo em meio a questionamentos jurídicos sobre sua nomeação.
“Foi a primeira vez que uma mulher ocupou aquela cadeira, e naquele momento tive a firmeza de permitir que, mesmo com posse provisória por decisão judicial, ele pudesse exercer a titularidade. Essa decisão fez com que terminasse de vez sua condição provisória e assumisse definitivamente como delegado de polícia”, disse.
As declarações repercutiram imediatamente no plenário. Diversos parlamentares manifestaram solidariedade a Martha Rocha. O líder do governo, deputado Rodrigo Amorim (União Brasil), pediu desculpas pelo episódio em nome do estado e reconheceu que a manifestação de Curi foi excessiva, a ponto de irritar até mesmo o presidente da Casa, Rodrigo Bacellar.
Com o clima tenso, Martha Rocha reforçou que a Polícia Civil é uma instituição composta por homens e mulheres que diariamente demonstram dedicação, competência e compromisso com a lei, e que não deve ser reduzida a disputas políticas ou ataques pessoais.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/martha-rocha-reage-a-criticas-de-secretario-da-policia-civil-na-alerj/
