
Na linha sucessória do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o vice-prefeito da capital paulista, coronel Ricardo Mello Araújo (PL), coleciona desafetos pela postura linha-dura na gestão pública. Com a possibilidade de uma candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos) nas eleições 2026, o prefeito da maior capital do país é considerado uma alternativa da centro-direita para concorrer ao comando do estado — opção que, se tiver sucesso nas urnas, colocaria Mello Araújo na cadeira de chefe do Executivo paulistano.
Em entrevista ao programa Café com a Gazeta desta sexta-feira (17), o aliado de Bolsonaro — indicado pelo ex-presidente a vice de Nunes nas eleições municipais de 2024 — defendeu o combate à corrupção para melhorar a eficiência da gestão pública e o controle desenfreado dos gastos. “Bolsonaro fechou a torneira e não participou [da corrupção]. Por isso, foi tirado do jogo”, declarou.
Mello Araújo relembrou que assumiu a prefeitura de São Paulo por 10 dias e, neste período, vetou emendas de vereadores por causa de gastos que ele considerou suspeitos, o que provocou atritos com a base aliada de Nunes. Entre as propostas negadas, ele citou uma palestra de quatro horas para 50 pessoas sobre voleibol, ao custo de R$ 200 mil, e a contratação de um cantor “desconhecido” para uma festa junina, no valor de R$ 240 mil.
“O que a população espera da gente? Eu não assino [a liberação da emenda]”, afirmou.
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“Ninguém quer deixar eu assumir a prefeitura”, diz Mello Araújo
De acordo com o vice-prefeito da capital paulista, a postura linha-dura desagrada a partidos que, consequentemente, respondem com resistência à possibilidade de ele assumir o comando da capital paulista.
“Eles colocam que o empecilho de o Nunes sair [como candidato] é o vice-prefeito, que não tem traquejo político ou é inexperiente. Eu trocaria essas palavras por ‘não sentar à mesa para tratar de assuntos não republicanos’. Entendo que, na política, a gente precisa compor com outros partidos, mas precisamos de gestores honestos e de quem queira trabalhar”, comentou.
Questionado se estaria preparado para assumir a prefeitura de São Paulo, o ex-comandante do grupo Rota da Polícia Militar respondeu que tem experiência com gestão no setor privado e lembrou que comandou a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) durante a gestão Bolsonaro. “O problema que o Ricardo [Nunes] enfrenta é que ninguém quer deixar eu assumir a prefeitura porque eu vou fechar a torneira e vamos atrás do que estiver errado.”
Mello Araújo avaliou que Nunes tem o foco da gestão nas entregas de obras e em melhoria nos serviços públicos. O emedebista foi eleito como vice de Bruno Covas nas eleições de 2020 e assumiu o cargo após a morte do então prefeito paulistano, no ano seguinte.
“A cidade é muito grande e não dá para tomar conta de tudo. Ele focou em uma parte. Como eu vim da segurança pública e passei pela Ceagesp, estou ajudando o Nunes”, comentou Mello Araújo.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/sao-paulo/mello-araujo-veta-emendas-faz-desafetos-base-ricardo-nunes/