11 de fevereiro de 2025
Ministro da CGU minimiza ranking de corrupção e chama metodologia
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O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Marques de Carvalho (foto), questionou a credibilidade do Índice de Percepção da Corrupção (IPC), divulgado nesta terça-feira (6) pela Transparência Internacional. O levantamento aponta que o Brasil atingiu sua pior nota na série histórica iniciada em 2012, ficando na 107ª posição entre 180 países analisados.

Carvalho criticou a metodologia utilizada no estudo e comparou a análise a um debate informal e pouco embasado.

— A Transparência dizer que a percepção da população sobre corrupção aumenta porque o presidente não fala disso. De onde tiraram? O que tem de sério? É uma correlação, não tem causalidade, não tem nada, é conversa de boteco — declarou o ministro em entrevista à GloboNews.

O relatório da Transparência Internacional atribui a piora do Brasil no ranking a fatores como o “silêncio reiterado do presidente Lula sobre a pauta anticorrupção” e o crescimento do uso das emendas parlamentares de forma descontrolada, em descumprimento a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Também são mencionados como retrocessos a aprovação da PEC da Anistia e a influência do crime organizado nas instituições públicas.

Por outro lado, o estudo cita como avanços a maior transparência sobre emendas parlamentares e o avanço de investigações contra redes de corrupção no Judiciário, ainda que sob risco de interferências.

Índice é elaborado desde 1995

O IPC é elaborado desde 1995 e usa dados de especialistas, acadêmicos e empresários para medir a percepção da corrupção em 180 países, atribuindo notas de 0 a 100. Quanto maior a pontuação, maior a percepção de integridade do país. O Brasil registrou 34 pontos no índice de 2024, dois a menos que no ano anterior.

Após as declarações do ministro, a Transparência Internacional rebateu as críticas nas redes sociais. A ONG afirmou que “o ministro pode achar que é conversa de boteco, mas é o presidente da República o maior responsável por pautar e comunicar à sociedade quais são as prioridades de seu governo”. Segundo a entidade, das 231 falas públicas de Lula em 2024, a palavra “corrupção” foi mencionada apenas 10 vezes — sempre para criticar a luta contra ela.

Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional-Brasil, destacou que o país vive um processo de “captura do Estado pela corrupção”.

— No caso brasileiro, houve um grande impulso anticorrupção na última década, com a Operação Lava-Jato, mas o país falhou em dois aspectos cruciais: ao invés de corrigir os erros dessa operação histórica, liquidou-a por completo e, ainda mais importante, falhou em olhar para as raízes sistêmicas do problema e avançar com reformas. Ao contrário, a corrupção contra-atacou de maneira avassaladora e hoje, do ponto de vista legal e institucional, estamos piores do que antes da Lava-Jato — afirmou Brandão ao Globo.

Com informações de O Globo

Fonte: https://agendadopoder.com.br/ministro-da-cgu-minimiza-ranking-de-corrupcao-e-chama-metodologia-de-conversa-de-boteco/