
O ministro da Defesa, José Múcio, afirmou nesta sexta-feira (5) que acompanha com apreensão a escalada da crise entre Venezuela e Estados Unidos e ressaltou que o Brasil já havia reforçado a presença militar na região antes do aumento das tensões. Após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele destacou que a prioridade é evitar que o território brasileiro seja atingido por disputas externas.
“Estamos preocupados, como eu disse, com a nossa fronteira, para que ela não sofra e não transforme a nossa fronteira numa trincheira. O Brasil é um país pacífico. Nós investimos em armas, nas nossas forças, para defender o nosso patrimônio. Não é de olho na terra de ninguém”, disse Múcio.
Operação Atlas e deslocamento de tropas
Segundo o ministro, o país mantém vigilância constante na fronteira com a Venezuela e já tinha programado a realização da Operação Atlas em 2025, como parte do calendário das Forças Armadas. Ele explicou que a movimentação de tropas não está relacionada diretamente à crise atual.
“Nós estamos deslocando tropas para fronteiras, pensando na COP30, pensando em dar uma maior assistência a uma parte da fronteira mais inóspita, mais inacessível. De repente, estourou esse problema. A pessoa [diz] ‘foi lá para ajudar a Venezuela’. [Não] foi lá para não ajudar ninguém”, afirmou.
O Brasil já havia enviado militares para a região em dezembro de 2023, quando a tensão se concentrou na disputa entre Venezuela e Guiana pelo controle de Essequibo.
‘Briga de vizinho’
Ao comentar a crise, Múcio comparou a situação a um conflito de vizinhança. “Isso é como briga de vizinho. Eu não quero que eles mexam no meu muro. Eu não quero que eles tirem a fiação que acende a frente da minha casa, que não mexam na minha casa, torcemos para que passe. Evidentemente, Eles devem ter os seus motivos”, declarou.
Nesta semana, o Brasil assinou, junto a países da América Latina e do Caribe, um documento criticando a presença militar dos EUA na costa venezuelana.
Crise militar e acusações
O governo Donald Trump tem deslocado navios e submarinos para a região sob a justificativa de combater o narcotráfico, acusando o governo de Nicolás Maduro de chefiar um cartel de drogas. Maduro rejeita as acusações e afirma que Washington tenta impor uma “troca de regime” para se apropriar das maiores reservas de petróleo do mundo.
Neste sábado (6), o presidente venezuelano pediu a redução das tensões. “O governo dos Estados Unidos deve abandonar seu plano de mudança violenta de regime na Venezuela e em toda a América Latina e o Caribe e respeitar a soberania, o direito à paz, à independência”, declarou.
Últimos desdobramentos
Na quinta-feira (4), o Departamento de Defesa dos EUA acusou a Venezuela de sobrevoar, com aeronaves militares, um navio americano em águas internacionais. “Este movimento altamente provocador foi concebido para interferir nas nossas operações anti-narcoterrorismo”, disse o Pentágono. A Venezuela não respondeu à acusação.
Horas depois, agências internacionais informaram que os EUA enviaram dez caças F-35 para Porto Rico. Segundo a Reuters, o reforço aéreo teria como objetivo ampliar as operações contra cartéis de drogas no Caribe.
Na terça-feira (2), Trump divulgou vídeo mostrando um suposto ataque a um barco carregado de drogas próximo à Venezuela, que teria resultado na morte de 11 pessoas. O governo Maduro acusou Washington de manipular o material com uso de inteligência artificial.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/ministro-da-defesa-alerta-para-risco-de-crise-entre-venezuela-e-eua-chegar-a-fronteira-do-brasil/