
Morreu na manhã deste sábado, aos 78 anos, o publicitário Hayle Gadelha. Ele lutava contra um câncer no pâncreas havia dois anos. Gadelha teve rica trajetória na profissão, com destaque para o marketing político. Foi responsável por programas eleitorais de muitos candidatos, como, por exemplo, os da campanha vitoriosa de Anthony Garotinho ao governo do estado em 1998.
Em 1994, coordenou a campanha de Benedita da Silva ao Senado e em 2000, voltou a assesorá-la na disputa à prefeitura do Rio. Foi o marqueteiro da primeira campanha de Washington Quaquá à prefeitura de Maricá, em 2008. A campanha de Fabiano Horta, em 2016, também teve a supervisão de marketing de sua agência, a Gadelha Comunicação.
A empresa prestou serviços à prefeitura de Maricá na primeira gestão de Quaquá. Antes, Gadelha foi sócio de Albano Alves na Internad, uma das agências que atendia ao governo do estado na gestão de Anthony Garotinho.
Após a vitória de Horta em Maricá, Gadelha minizou seus méritos na campanha. “Quem merece crédito é o prefeito anterior. Meu trabalho foi menos eleger um sucessor e sim divulgar bem o trabalho da gestão de Quaquá, que apoiava Horta”.
Manauara radicado no Rio, Hayle Gadelha, um publicitário assumidamente de esquerda, foi presidente por duas vezes do Clube de Criação do Rio. O ex-estudande de Filosofia, que caiu na comunicação pelo Jornalismo, há quase 50 anos, contou que aprendera essa lição em 1968, quando fez parte da primeira equipe da revista Veja, em fase de implantação.
Junto com seus colegas de redação, ele assistiu a uma palestra do consagrado publicitário Alex Periscinoto, da agência Almap, ensinando que pode ser muito bem aplicado ao marketing político: “Se um dia Jesus voltar à Terra, você não precisa inventar muito para escrever o título da notícia. É só dizer ‘Jesus voltou’”.
Até por sua passagem profissional pela imprensa, Gadelha lamentava o papel que a mídia tomou na política dos últimos tempos, mesmo reconhecendo que “a mídia sempre toma algum partido”. Gadelha coleciona exemplos disso para usar em suas palestras – inclusive de publicações que remontam ao século 18 – , mas lamenta o que vem acontecendo no Brasil:
“A mídia acabou com o PT e tirou a esperança das pessoas na política. Claro que há culpa dos partidos, em primeiro lugar, por fazerem má política. Mas a despolitização é ruim para todo mundo e vimos isto nestas eleições, com os altíssimos índices de abstenção em todo o país”, desabafou.
Escolado em propaganda política, foi diretor de agências como Abaeté, Internad e Workstation, que chegaram a trabalhar para governos do estado. Fez a campanha do Brizola Neto, em São Gonçalo. Apesar de derrotado, o publicitário considera a campanha vitoriosa. “Ele não era conhecido e agora é um nome a ser considerado na região”, comemorou.
Seu corpo será velado, neste domingo, 10/08, às 12h, na capela A do Cemitério São Francisco Xavier, no Caju. Em seguida, será cremado.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/morre-hayle-gadelha-um-publicitario-assumidamente-de-esquerda/