
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quinta-feira (7) que está analisando imagens das câmeras internas da Casa para decidir se, e quais, parlamentares serão punidos por resistirem a liberar a Mesa Diretora na noite anterior. O episódio ocorreu durante um protesto de deputados bolsonaristas contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, que resultou em tensão e dificuldades para Motta retomar o comando do plenário.
Entre os nomes apontados por colegas como possíveis alvos de sanção estão Zé Trovão (PL-SC), que chegou a impedir por alguns segundos a subida do presidente à mesa, além de Marcel van Hattem (Novo-RS) e Marcos Pollon (PL-MS), que inicialmente se recusaram a deixar as cadeiras que ocupavam.
Segundo aliados de Motta, a manutenção do líder do Novo na cadeira da presidência, mesmo após pedido para desocupação, é vista como um desafio à autoridade da Casa. “Estamos avaliando as imagens, existem pedidos de líderes para punir. Será uma decisão conjunta da Mesa. Está, sim, em avaliação punição a alguns parlamentares que se excederam para dificultar o reinício dos trabalhos”, declarou Motta ao portal Metrópoles.
O presidente também afirmou que utilizará apenas mecanismos regimentais para lidar com a situação. “Não cabe a esse presidente usar da força física para garantir a normalidade dos trabalhos, cabe usar instrumentos regimentais”, disse.
Na quarta-feira, ao anunciar que retomaria o plenário, Motta havia emitido comunicado alertando que “quaisquer condutas que tenham por finalidade impedir ou obstaculizar as atividades legislativas” poderiam resultar em suspensão cautelar do mandato por até seis meses.
Pressão por punições
Na sessão desta quinta-feira, líderes do PT e do PSOL cobraram que sejam aplicadas sanções aos parlamentares envolvidos no ato. As imagens mostram que Zé Trovão chegou a bloquear a passagem de Motta com a perna, ação confirmada pelo próprio líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).
Sóstenes assumiu ter orientado Trovão a impedir o acesso até que todos os deputados participantes do protesto se retirassem. “Se alguém tiver que ser punido sou eu, não o Trovão”, afirmou. O parlamentar manteve críticas ao Supremo Tribunal Federal, mas pediu “perdão” a Motta durante a sessão.
Trovão, por sua vez, negou qualquer incitação à violência. “O nosso protesto foi para que o presidente Hugo Motta cumprisse com a palavra de pautar a anistia. Após nossa liderança ser ouvida, liberamos a subida”, disse.
Já Van Hattem declarou ao jornal O Globo que resistiu a deixar a cadeira por não ter sido informado de que a oposição havia concordado em encerrar o motim.
Negociação e retomada
A devolução da cadeira à presidência só ocorreu às 22h21 de quarta-feira, após intensa negociação mediada pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Motta levou mais de seis minutos para atravessar o grupo de deputados bolsonaristas que ocupava a Mesa desde a noite anterior.
Em determinado momento, ao se aproximar do assento, o presidente recuou para seu gabinete, já que Van Hattem não cedia o lugar. Depois de conversas e empurra-empurra, Motta foi praticamente conduzido de volta ao posto e deu início à sessão plenária.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/motta-avalia-punir-deputados-que-resistiram-a-desocupar-mesa-da-camara-em-protesto-bolsonarista/