2 de abril de 2025
MP investiga candidaturas femininas suspeitas de fraude em Nova Iguaçu
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O Ministério Público Eleitoral (MPE) está conduzindo uma investigação sobre possíveis candidaturas fictícias em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, que teriam sido utilizadas para fraudar a cota de gênero imposta pela Justiça Eleitoral. A legislação determina que, em qualquer eleição proporcional, pelo menos 30% das candidaturas de cada partido ou federação sejam de mulheres.

Entre os casos sob análise, um em especial chama a atenção: uma candidata que não recebeu nenhum voto contratou sua própria vizinha, que concorria pelo mesmo cargo, para ser coordenadora de sua campanha. A funcionária contratada é mãe de outra candidata, também sob investigação por suposta participação na fraude.

Os dados foram extraídos da prestação de contas de Ingrid Benedito, candidata que mora ao lado de Simone Campos. Ambas disputaram as eleições para vereadora, mas Simone evitou fazer campanha em sua própria rua. Sua filha, Ticiane Lima, também se candidatou e entrou na mira do MPE pelo mesmo motivo. O detalhe intrigante é que as três pertencem a partidos distintos.

Os investigadores suspeitam que essas candidaturas foram lançadas apenas para cumprir a cota mínima exigida por lei, sem intenção real de disputa. Tal prática caracteriza o crime de falsidade ideológica eleitoral, previsto na Lei nº 4.737.

Consequências da fraude

Caso a Justiça Eleitoral comprove a fraude, a punição pode ser severa: todos os candidatos da coligação envolvida podem ter suas candidaturas cassadas. Isso significa que, se condenados, os vereadores eleitos e os suplentes de Nova Iguaçu pelo PSDB, Cidadania e MDB podem perder seus mandatos e ficar inelegíveis por oito anos.

Vizinhas, adversárias e sem votos

O caso de Ingrid Benedito e Karen Santos, ambas da federação PSDB-Cidadania, foi alvo de uma reportagem do g1 em dezembro do ano passado. Nenhuma das duas recebeu votos, o que levantou suspeitas de que suas candidaturas foram apenas uma formalidade para atingir a cota de gênero.

Além da ausência de votos, as investigações apontaram que não houve qualquer atividade de campanha por parte das candidatas. Os relatórios de prestação de contas apresentaram inconsistências, reforçando a suspeita de irregularidade.

Os moradores da rua onde vivem as candidatas também foram ouvidos e afirmaram não conhecer Ingrid e Karen como postulantes ao cargo. O RJ2 visitou a região e constatou que não havia qualquer indício de campanha eleitoral no local.

Candidaturas sem campanha

O Ministério Público concluiu que as candidaturas investigadas eram fictícias. A análise da prestação de contas revelou a inexistência de despesas com propaganda eleitoral, combustível, eventos ou contratação de advogados. Curiosamente, os relatórios de gastos apresentados por Ingrid e Karen eram idênticos.

Nova Iguaçu sem vereadoras

A sub-representação feminina é um problema recorrente na política fluminense. O estado do Rio de Janeiro registrou, nas últimas eleições, a menor proporção de candidatas mulheres do país: apenas 34,3% do total.

Esse cenário reflete diretamente na composição da Câmara Municipal de Nova Iguaçu, que, apesar de contar com 23 vereadores, não tem nenhuma mulher eleita. A investigação do MPE joga luz sobre um problema maior: o uso de candidaturas femininas de fachada, que acabam enfraquecendo a participação real das mulheres na política.

Com informações do G1

Fonte: https://agendadopoder.com.br/mp-investiga-candidaturas-femininas-suspeitas-de-fraude-em-nova-iguacu/