15 de outubro de 2025
Os municípios que estão na liderança da pecuária nacional
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Dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que Pará e Mato Grosso do Sul disputam lado a lado a liderança da pecuária nacional. Entre os estados, o Mato Grosso manteve a dianteira com 32,9 milhões de cabeças, o equivalente a 13,8% do total nacional.

O Pará vem logo atrás, com 25,6 milhões (10,7%), seguido por Goiás, que soma 23,2 milhões (9,7%). Enquanto isso, o Mato Grosso do Sul registrou 18,7 milhões de bovinos, retração de 0,8% frente a 2023. O estado ocupa a quinta posição nacional, com 7,9% do efetivo brasileiro. O dado confirma a retomada da tendência de queda observada entre 2016 e 2022, após uma breve recuperação em 2023.

O levantamento do IBGE mostra que o Brasil encerrou o último ano com 238,2 milhões de bovinos, leve recuo de 0,2% em relação a 2023. Apesar da queda, o número é o segundo maior da série histórica, iniciada em 1974. O abate recorde de 39,7 milhões de cabeças, impulsionado por fêmeas e novilhas, influenciou diretamente essa retração.

“Nesse caso, a queda de bovinos ocorre em função do ciclo pecuário. Há alguns anos, o abate de fêmeas está elevado, em função dos preços do bezerro e da arroba, que desestimularam a retenção de fêmeas para reprodução, sendo assim era esperada uma redução no rebanho”, explica Mariana Oliveira, pesquisadora do IBGE.

A liderança dos estados na pecuária nacional

  • Mato Grosso – 32,9 milhões cabeças de gado
  • Pará – 25,6 milhões cabeças de gado
  • Goiás – 23,2 milhões cabeças de gado
  • Minas Gerais – 22 milhões cabeças de gado
  • Mato Grosso do Sul – 18,7 milhões cabeças de gado

Fonte: IBGE

São Félix do Xingu e Corumbá disputam a liderança da pecuária nacional

Entre os municípios, o maior efetivo de animais está concentrado em São Félix do Xingu (PA) com 2,52 milhões de cabeças de gado. O município que leva o nome de um santo católico da ordem dos Capuchinhos é o terceiro maior do estado e o sexto maior território municipal do Brasil.

Com pouco mais de 65 mil habitantes, São Félix do Xingu ocupa um território maior que países como Costa Rica e Holanda. O PIB da cidade em 2024, segundo o IBGE, foi de R$ 2 bilhões, com 46,6% provenientes da agropecuária.

São Félix do Xingu segue no topo da lista dos produtores de gado desde 2014. O efetivo registrado por lá no ano passado representou um aumento de 2,8% em relação a 2023. O total representa 1,1% do rebanho brasileiro e 10% do efetivo no Pará.

Corumbá, Aquidauana, Ribas do Rio Pardo e Porto Murtinho impulsionam a pecuária de Mato Grosso do Sul. (Foto: Marcello Casal Junior/Agência Brasil)

O avanço paraense é expressivo também em crescimento. Entre os destaques, quatro dos cinco municípios que mais ampliaram o rebanho estão no Pará. À frente deles, Moju lidera o grupo e praticamente dobrou o número de bovinos, atingindo 170,5 mil cabeças. Além disso, São Félix do Xingu, Monte Alegre e Xinguara registraram aumentos significativos.

Em seguida, aparece Corumbá (MS) em segundo lugar no ranking, com 2,2 milhões de cabeças — o equivalente a 11,7% do rebanho estadual. O município concentra 60% do território pantaneiro e tem o título de “capital do Pantanal”. Com seus 94.874 habitantes, é o quarto mais populoso do estado, e movimenta um PIB de R$ 2 bilhões.

Logo depois, figuram Porto Velho (RO), Cáceres (MT) e Marabá (PA). Somados, os cinco municípios com maior produção de gado totalizam 9,2 milhões de cabeças, o que corresponde a 3,9% do rebanho nacional.

O ranking dos municípios na pecuária nacional em cabeças de gado

  • São Félix do Xingu (PA) – 2.519.911
  • Corumbá (MS) – 2.195.363
  • Porto Velho (RO) – 1.794.590
  • Cáceres (MT) – 1.365.224
  • Marabá (PA) – 1.295.819

Fonte: IBGE

MS avança na exportação de carne bovina

Ao lado de Corumbá, outras cidades do estado ganham força. Aquidauana ocupa a 11ª posição entre os maiores rebanhos do país, Ribas do Rio Pardo aparece em 14º lugar e Porto Murtinho, em 23º.

A pecuária sul-mato-grossense perdeu mais de 2 milhões de cabeças desde 2013, quando o estado alcançou 21 milhões de animais. Essa redução, entretanto, reflete ajustes de mercado e transformações nas áreas de pastagens.

De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), o agronegócio continua sendo o principal motor da economia estadual. Entre 2002 e 2021, o PIB da agropecuária cresceu 768%, o que demonstra a força do campo e seu alinhamento com a expansão econômica do estado.

Novo ciclo do gado impulsiona o Pantanal: Corumbá e outros municípios sul-mato-grossenses mantêm protagonismo mesmo em meio à renovação do rebanho nacional.Novo ciclo do gado impulsiona o Pantanal: Corumbá e outros municípios sul-mato-grossenses mantêm protagonismo mesmo em meio à renovação do rebanho nacional. (Foto: Marcos Bergamasco/Acrimat)

Nesse cenário, o estado exportou US$ 8,18 bilhões entre janeiro e setembro de 2025, conforme a Carta de Conjuntura do Comércio Exterior elaborada pela Assessoria de Estatística e Economia da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), do Mato Grosso do Sul.

Segundo o secretário da pasta, Jaime Verruck, o resultado evidencia a competitividade do agronegócio sul-mato-grossense. Mesmo diante das incertezas no comércio internacional, o estado conseguiu ampliar suas vendas externas, com ênfase na carne bovina e na diversificação de destinos.

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Novo ciclo do gado redefine a pecuária brasileira

O IBGE aponta que a pecuária brasileira entra em nova fase. Com o abate elevado e a menor retenção de fêmeas, o ritmo de expansão do rebanho deve se reduzir nos próximos anos. Ao mesmo tempo, o setor se volta para estratégias de produtividade e qualidade da carne.

Mesmo assim, a expectativa é de que as cotações permaneçam elevadas nos próximos meses — sinal de que o ciclo pecuário pode estar em fase de reversão. A análise é de Thiago Bernardino de Carvalho, coordenador de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (USP). Na visão do especialista, o setor atravessa um período de transição.

“Tivemos um pico em 2021 e, desde então, cerca de 40 meses de oscilações entre altas e baixas. Esse movimento, portanto, indica que o ciclo começa a se inverter”, avalia o pesquisador. Carvalho observa ainda que o preço do bezerro pode variar ao longo do ano, embora sem tendência de queda contínua.

“Em alguns momentos, o valor pode oscilar conforme o boi gordo, porém a perspectiva é de preços firmes até pelo menos 2027 — ou seja, na virada de 2026 para 2027, quando o bezerro deve atingir novo pico”, completa.

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/municipios-para-mato-grosso-do-sul-disputam-lideranca-pecuaria-nacional/