18 de setembro de 2025
'Não consigo salvar Bolsonaro individualmente', diz relator de projeto de
Compartilhe:

Escolhido como relator do projeto de anistia aprovado em regime de urgência na Câmara dos Deputados, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) deixou claro que não pretende adotar um perdão “amplo e irrestrito” aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Em entrevista ao Globo, o parlamentar ressaltou que não tem condições de “salvar individualmente” o ex-presidente Jair Bolsonaro, cuja situação jurídica se tornou um dos pontos mais polêmicos da discussão.

Paulinho afirmou que ainda vai ouvir bancadas partidárias, líderes do Senado e, se necessário, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) antes de apresentar sua versão final do relatório. A estratégia, segundo ele, é tentar chegar a um texto que atenda à maioria dos parlamentares e permita reduzir a polarização política.

Negociação com Congresso e STF
O deputado disse que seu relatório não pode ser personalizado. “Não tem como individualizar relatório, que vai ter que ser feito no minuto que a gente vai ouvindo as pessoas, as bancadas… Uma coisa que eu posso dizer desde já é que não dá para individualizar relatório. Se Bolsonaro for beneficiado, muito bem e, se não for, também. Não posso fazer muita coisa. Não consigo tentar salvar individualmente. Com certeza, não vou conseguir”, declarou.

Embora não tenha detalhado quais crimes poderiam ser contemplados por eventuais reduções de pena, Paulinho admitiu que essa possibilidade está em discussão. Ele disse que pretende conversar com parlamentares no fim de semana e no início da próxima semana para medir o ambiente político. O diálogo poderá se estender a ministros do STF, caso haja “algum estremecimento”. Sobre Alexandre de Moraes, ele foi enfático: “Tenho relação antiga, o considero um homem corajoso, que tem postura firme e sempre o achei o guardião da democracia”.

Pacificação como meta
Para o relator, o principal objetivo é aprovar um texto capaz de diminuir tensões. “Quero fazer um relatório que possa tentar agradar a todos. Como agradar a todos não é uma coisa simples, agradar a maioria pelo menos e pacificar o país”, disse.

Ele também destacou que o governo federal, governadores e atores políticos como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), poderão ter peso no debate. Segundo Paulinho, Tarcísio ajudou a destravar a pauta no Congresso e é visto como uma figura influente entre os deputados.

O deputado evitou usar a palavra “anistia” para caracterizar a proposta em tramitação. “Em nenhum momento, eu e o Hugo (Motta) estamos chamando o projeto de anistia. É um projeto para pacificar o país e sair dessa polêmica de extrema-direita e extrema-esquerda”, afirmou.

Legitimidade e críticas
Questionado sobre as críticas de que o Congresso estaria legislando de maneira casuística, após a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, Paulinho minimizou: “O Congresso age na hora certa. Acho que esse é o momento de pacificação. A maioria do Congresso hoje pensa nisso, de ter um texto para pacificar o país, que possa garantir a nossa democracia, punir realmente quem deve ser punido, mas trabalhar para pacificar o país”.

Pesquisas de opinião têm mostrado que a maior parte da população é contra a anistia, mas o deputado insiste que a iniciativa não deve ser vista como perdão generalizado, e sim como instrumento para encerrar um capítulo de divisões políticas recentes. “Se não conseguir agradar a gregos e troianos, quero pelo menos agradar a maioria do povo brasileiro”, concluiu.

LEIA MAIS

Fonte: https://agendadopoder.com.br/nao-consigo-salvar-bolsonaro-individualmente-diz-relator-de-projeto-de-anistia/