
O ex-presidente José Sarney lamentou, neste sábado (15), data que marca os 40 anos de sua posse e o fim do regime militar, as tentativas de retrocesso democrático após a eleição do presidente Lula.
Ao mesmo tempo, Sarney ressaltou a resiliência das instituições brasileiras diante das ameaças à democracia. Ele também celebrou os avanços sociais conquistados desde a transição democrática, destacando a importância das liberdades civis.
“Acho que esses acontecimentos [tentativa de golpe e atos do 8 de janeiro de 2023] foram extremamente danosos, mas, ao mesmo tempo, repugnados pelo povo brasileiro e por todas as classes”, disse Sarney durante um seminário em memória aos 40 anos do início da redemocratização no Brasil, em Brasília-DF. As declarações foram publicadas pelo portal g1.
“As instituições criadas por nós, durante a transição democrática, foram tão fortes, já atravessaram dois processos de impeachment [de Fernando Collor e de Dilma Rousseff], uma tentativa de mudança do Estado Democrático de Direito, no dia 8 de janeiro, e, agora, livremente, o STF está julgando aqueles que apurar que sejam os culpados”, afirmou.
“Estamos com as instituições muito fortes, as Forças Armadas, o poder civil, o Congresso, os tribunais, e a sociedade funcionando livremente. Um clima de absoluta liberdade, que conquistamos, o povo brasileiro, através da transição democrática [na década de 1980]”, frisou.
#Democracia | O Brasil comemora 40 anos de redemocratização. Em 15 de março de 1985, após 21 anos de ditadura militar, José Sarney tomou posse como presidente da República. Numa série de 5 reportagens, a TV Senado refaz o percurso histórico lento e gradual da abertura democrática pic.twitter.com/i8sStEhBHu
— TV Senado (@tvsenado) March 14, 2025
Maranhense nascido no município de Pinheiro, em 24 de abril de 1930, José Sarney foi testemunha e protagonista de vários momentos históricos do país. Ingressou na política em 1954. Depois de dois mandatos como deputado federal, foi governador do Maranhão (1966-1970). Chegou ao Senado em 1971, durante a ditadura militar, quando era filiado à Arena, o partido governista.
Embora fosse um novato na Casa, Sarney foi prontamente acolhido pelo denominado “Sacro Colégio dos Cardeais”, um grupo de políticos experientes dedicados a preservar o funcionamento do Congresso. Integravam a seleta turma nomes como Daniel Krieger, Amaral Peixoto, Magalhães Pinto e Franco Montoro.
Apesar da articulação do grupo, o fechamento do Parlamento foi inevitável durante um período específico. O então presidente da República, general Ernesto Geisel, valeu-se do Ato Institucional nº 5 (o AI-5) e fechou o Congresso no dia 1º de abril de 1977.
Já com o Congresso em pleno funcionamento e com uma crescente demanda popular pela volta da democracia, coube a Sarney a missão de relatar, em 1978, a proposta de emenda à Constituição que daria origem à Emenda Constitucional 11. A medida extinguiu os atos institucionais do período ditatorial e restabeleceu a pluralidade partidária.
O então senador apontou, em seu parecer, que a emenda não acabava com o autoritarismo, mas representava o começo de um longo processo de transição. Para Sarney, o melhor caminho para o fim do governo militar seria pela via institucional.
Outro episódio que marcou Sarney aconteceu em 1984, quando a emenda Dante de Oliveira (para a volta das eleições diretas) estava em votação na Câmara dos Deputados. Sarney era presidente do PDS, partido que sucedeu a Arena e, mesmo com a orientação contrária da legenda, seu filho, o deputado federal Sarney Filho, votou a favor da volta das eleições diretas para presidente da República. Apesar da campanha das Diretas Já, faltaram 22 votos na Câmara para o texto seguir para o Senado.
Ao todo, Sarney ficou quase quatro décadas no Senado desde que estreou na Casa, em 1971, e se despediu dela, em 2015. O único período em que passou fora foi entre 1985 e 1990, quando teve a missão de ser o primeiro presidente civil após os 24 anos do regime militar. Mas a chegada ao Palácio do Planalto foi resultado de amplas negociações e uma tragédia: a morte de Tancredo Neves.
Já filiado ao MDB, Sarney entrou como vice-presidente na chapa com Tancredo Neves. A composição foi possível depois que ele e outros dissidentes do PSD contrários à indicação de Paulo Maluf deixaram o partido governista.
À frente do governo federal, Sarney teve principal legado a bem-sucedida transição democrática e a construção da nova Constituição brasileira, promulgada em 1988.
Com informações do 247.
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/no-aniversario-de-40-anos-de-sua-posse-sarney-diz-que-democracia-brasileira-venceu/