
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a radicalizar o discurso em defesa de uma anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu pai. Em publicação nas redes sociais nesta quarta-feira (16), ele recorreu a uma retórica inflamada e lançou um alerta metafórico sobre o risco de novas sanções dos Estados Unidos ao Brasil, caso o governo e o Supremo Tribunal Federal (STF) não avancem com a pauta da anistia.
“Não. Presidente Donald Trump não jogou uma bomba nuclear no Brasil — ainda”, escreveu Eduardo, ao divulgar um vídeo do comentarista bolsonarista Paulo Figueiredo, informa Brasil 247. A frase, embora hiperbólica, fez alusão a eventuais medidas de retaliação do governo Trump, que já anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, como reação à situação judicial de Bolsonaro e à negativa do Brasil em apoiar a política externa norte-americana.
No vídeo, Figueiredo — neto do último ditador militar brasileiro, João Figueiredo, e aliado da extrema direita americana — afirma estar, junto com Eduardo, atuando diretamente nos Estados Unidos para impedir qualquer negociação com o governo brasileiro que não envolva a “anistia ampla, geral e irrestrita” ao ex-presidente. “Com a diferença de que um é filho do ex-presidente e o outro já goza de uma enorme credibilidade aqui dentro”, declarou, referindo-se a si mesmo e à sua relação com círculos da política conservadora americana.
Segundo o próprio Figueiredo, ele e Eduardo estariam em reuniões com “o alto escalão do Departamento de Estado dos EUA”, embora não tenha fornecido provas ou nomes que comprovem os encontros. A fala repercutiu negativamente entre diplomatas brasileiros, que tratam com cautela qualquer iniciativa informal que envolva membros do Legislativo atuando sem coordenação com o Itamaraty.
A movimentação do parlamentar ocorre em um momento delicado, quando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta conter os danos econômicos provocados pelas novas tarifas impostas por Trump. A missão diplomática está sendo liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em uma ofensiva que inclui diálogos com empresários, políticos e autoridades americanas.
Nos bastidores, a atuação de Eduardo Bolsonaro é vista por aliados do governo como uma tentativa deliberada de sabotar as tratativas oficiais e instrumentalizar a crise comercial com fins políticos.
A estratégia também revela a tentativa de Eduardo em manter relevância no cenário político nacional e internacional, mirando a eleição presidencial de 2026. Ao se colocar como interlocutor direto de Donald Trump e da ala mais radical da direita global, ele aposta na internacionalização do discurso bolsonarista como caminho para consolidar sua liderança.
Enquanto isso, a diplomacia brasileira tenta despolitizar a crise e evitar que os ataques externos à soberania nacional — ainda que metafóricos — comprometam os esforços de reaproximação com os Estados Unidos e os acordos comerciais em negociação.
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/nova-ameaca-eduardo-bolsonaro-diz-que-trump-guarda-bomba-nuclear-se-nao-houver-anistia-para-golpistas/