O novo modelo de crédito consignado privado, previsto para ser lançado até 15 de março, permitirá que bancos ofereçam a contratação diretamente por aplicativos e outros canais digitais. A medida, articulada pelo governo Lula (PT), será regulamentada por uma medida provisória e utilizará o sistema do eSocial para registro das operações.
Inicialmente, a equipe do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, defendia que o empréstimo fosse contratado exclusivamente pelo eSocial, onde empresas registram informações trabalhistas e previdenciárias de seus funcionários. No entanto, os bancos alertaram para o risco de “fricção”, termo usado para descrever dificuldades no processo de contratação que podem levar o cliente a desistir. Com isso, ficou decidido que as instituições financeiras poderão ofertar o crédito diretamente em seus aplicativos, garantindo mais facilidade ao usuário.
Aplicativos bancários são usados por 50 milhões de pessoas
Atualmente, cerca de 50 milhões de clientes acessam diariamente os aplicativos bancários, o que pode tornar o processo mais ágil e reduzir barreiras para adesão. O governo aposta na modalidade para estimular o crédito e minimizar o impacto da alta dos juros na economia. O novo modelo não terá um teto para as taxas, um pedido do setor financeiro para viabilizar sua implementação.
Diferente do modelo tradicional, que exige convênio entre bancos e empresas, o novo consignado privado será acessível a todos os empregados com carteira assinada, sem necessidade de intermediação direta das companhias. Esse formato pode expandir significativamente a carteira de crédito consignado privado, que hoje soma R$ 40 bilhões, dentro de um mercado total de R$ 640 bilhões.
A iniciativa atrai não apenas grandes bancos, mas também fintechs, que enxergam no novo modelo uma oportunidade de crescimento. Para Eduardo Lopes, presidente da Zetta e diretor de políticas públicas do Nubank, a digitalização do processo aumentará a concorrência entre instituições financeiras e poderá reduzir as taxas cobradas.
Estimativa que carteira de crédito consignado chegue a R$ 260 bi
O CEO da BYX, Fernando Perrelli, prevê que, em cinco anos, a carteira do consignado privado pode alcançar R$ 260 bilhões, desde que o processo de contratação seja simples e eficiente. “A ideia é que o trabalhador possa acessar as ofertas disponíveis diretamente pelo eSocial e concluir a operação no aplicativo do banco escolhido”, explica.
A criação do novo modelo ganhou força após a formação de um grupo de trabalho do governo para reduzir o spread bancário e baratear o crédito no Brasil. A expectativa do Palácio do Planalto é que a medida seja implementada rapidamente, cumprindo a orientação do presidente Lula de acelerar políticas que facilitem o acesso ao crédito.
Com informações da Folha de S.Paulo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/novo-consignado-privado-permitira-contratacao-por-aplicativos-bancarios/
