Obra na Serra da Rocinha mudará ligação logística entre SC e RS

Com investimento total de R$ 62 milhões e previsão de entrega para o início de 2026, a obra da BR-285, em Timbé do Sul (SC), deve reconfigurar a Serra da Rocinha, na ligação entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. Além da segurança rodoviária, a obra ajudará a reduzir custos logísticos para a indústria e poderá ampliar o fluxo de cargas no Sul do país.

Para a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), a pavimentação completa deve destravar o potencial econômico dos dois estados e ampliar o acesso a mercados por meio dos portos estratégicos.

Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), as obras ocorrem em um dos trechos mais complexos da serra. No km 50, um deslizamento exigiu intervenção emergencial na pista da BR-285. O Dnit trabalha na construção de uma estrutura de contenção de aproximadamente 50 metros de altura. De acordo com o departamento, a estrutura foi projetada para impedir novos escorregamentos e aumentar segurança dos usuários.

As equipes trabalham na execução da cortina inferior, localizada na encosta acima da rodovia e construída com a metodologia top-down (de cima para baixo). A cortina superior, que tem 6,80 metros, já foi instalada. A inferior, com 5,30 metros, está na etapa final, restando apenas a execução das vigas atirantadas.

O Dnit também realiza escavação e transporte do material do maciço, perfuração para instalação do trecho grampeado e montagem das estruturas para concretagem das vigas de travamento. Na sequência, teve início a instalação das telas de alta resistência na porção inferior da encosta, nas proximidades do trecho que receberá pavimentação. O contrato inclui ainda a execução de 210 metros de pavimentação em concreto, com previsão de entrega da obra no início de 2026.

A nova previsão de entrega foi definida após o cronograma original ser impactado pelas chuvas frequentes e pelos nevoeiros na Serra da Rocinha. Segundo dados do Monitora Fiesc, a entrega da obra foi adiada de novembro para o início do próximo ano. O valor contratual também sofreu alteração, passando de R$ 54,6 milhões para R$ 62,3 milhões. Os dados mais recentes mostram que até novembro haviam sido pagos R$ 20,3 milhões, o que representa 37,1% da execução orçamentária.

Redução de custos logísticos pode movimentar bilhões entre SC e RS

A conclusão da BR-285 deve trazer impacto direto na competitividade da indústria catarinense. O presidente da Fiesc, Gilberto Seleme, destaca que o efeito do corredor rodoviário será imediato na eficiência do transporte e na redução de custos.

Seleme aponta que a redução de um centavo por real gasto em logística geraria uma economia de R$ 5,576 bilhões. “Esse valor poderia ser utilizado para investimentos que gerem emprego e renda. A conclusão das obras trará mais eficiência e segurança para a rodovia, gerando economia de combustível e dos custos operacionais”, afirma.

Segundo ele, a BR-285 ampliará a integração da indústria catarinense com o Rio Grande do Sul e com o Mercosul. Para além do corredor inter-regional, também deve influenciar as cadeias produtivas ao aproximar Santa Catarina do mercado do nordeste gaúcho.

Fluxo de cargas deve crescer e reforçar o porto de Imbituba

A expectativa da Fiesc é que o porto de Imbituba terá um acréscimo na movimentação, principalmente com cargas provenientes do nordeste gaúcho, que possui intensa atividade agrícola. ” Ao chegarem à BR-101 em Santa Catarina, as cargas seguem até Imbituba, que é um porto estratégico para o agronegócio gaúcho, especialmente para exportação de grãos e produtos florestais”, comenta.

A região reúne 20,5 mil estabelecimentos, emprega 169,4 mil trabalhadores e abriga 608 mil pessoas. Em 2024, movimentou US$ 1 bilhão no comércio exterior e registrou PIB de R$ 4,9 bilhões.

Obras estruturais devem preparar a rodovia para maior segurança e estabilidade ao longo da Serra da Rocinha. (Foto: Divulgação/Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes)

Na avaliação do presidente da entidade, a pavimentação da Serra da Rocinha deve abrir caminho para um novo ciclo de investimentos industriais e logísticos no extremo sul catarinense. Seleme reforça que uma boa condição logística é um fator de grande atração de novos investimentos tanto para a expansão das indústrias quanto para a instalação de novos negócios.

“Teremos consequências positivas para todos os setores econômicos, inclusive o turismo. O acesso à Argentina e aos mercados do Mercosul é outro fator importante a ser considerado para a circulação da economia e o fluxo do comércio internacional.”