6 de agosto de 2025
Oposição promete revezamento para manter ocupação das Mesas da Câmara
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A oposição bolsonarista iniciou nesta terça-feira (5) um movimento coordenado para manter a ocupação das Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. O ato, que tem como objetivo pressionar as presidências das duas Casas a pautarem temas de interesse do grupo, como o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e a anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, levou ao cancelamento das sessões previstas para o dia.

Diante do impasse, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), optaram por suspender os trabalhos legislativos temporariamente. A medida revela o impacto do protesto, que se intensifica no contexto da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado e alvo de pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para uma pena de até 44 anos de prisão.

Revezamento e exigências: oposição promete resistência prolongada

Na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da bancada do PL, comunicou ao presidente Hugo Motta que a ocupação seguirá com um sistema de revezamento entre parlamentares da oposição. “Nós vamos manter a presença aqui enquanto nossas reivindicações não forem atendidas”, afirmou. A recusa a desocupar a Mesa levou Motta a convocar uma reunião de líderes partidários, ainda sem data definida.

No Senado, o ato foi marcado por um protesto simbólico: parlamentares compareceram ao plenário com esparadrapos na boca. Segundo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o grupo permanecerá no local até que suas três principais demandas sejam atendidas: o impeachment de Moraes, a votação do projeto de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro e o fim do foro privilegiado. “Nós vamos permanecer aqui no plenário, se preciso for, e virar a noite”, disse Flávio em entrevista à GloboNews. Ele também afirmou que não conseguiu contato com Alcolumbre: “Sequer o telefone ele está atendendo, e eu jamais esperava isso dele.”

Reação das presidências e impacto institucional

Em nota oficial, o presidente do Senado classificou a ocupação como um “exercício arbitrário das próprias razões” e apelou por serenidade e diálogo. “Precisamos retomar os trabalhos com respeito, civilidade e diálogo, para que o Congresso siga cumprindo sua missão em favor do Brasil e da nossa população”, declarou Alcolumbre.

Já Hugo Motta, que cumpre agenda na Paraíba, declarou pelas redes sociais que a pauta legislativa será construída “com base no diálogo e no respeito institucional”. Ao ser questionado sobre a decisão do STF que resultou na prisão de Bolsonaro, o presidente da Câmara evitou críticas diretas: “O legítimo direito de defesa tem que ser respeitado, mas decisão judicial deve ser cumprida.”

Escalada da tensão entre poderes e riscos externos

A mobilização ocorre em meio a uma escalada de tensão entre Legislativo e Judiciário. A prisão de Bolsonaro, aliada à tramitação de projetos controversos como o da anistia, acirra o clima político no Congresso. O ambiente de polarização também preocupa o Executivo, que observa atentamente a movimentação de países como os Estados Unidos, que ameaçam impor sanções comerciais ao Brasil caso não haja uma resposta firme aos ataques à democracia.

O cenário atual sinaliza não apenas uma crise institucional, mas um teste à capacidade de articulação do Congresso para preservar a governabilidade e o equilíbrio entre os poderes.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/oposicao-promete-revezamento-para-manter-ocupacao-das-mesas-da-camara-e-do-senado/