
Dois nomes destoaram dentro da coesa bancada do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados ao não assinarem o pedido de urgência para a tramitação do projeto de lei que prevê anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. A informação foi revelada pela coluna Radar, da Veja, nesta segunda-feira (14).
Enquanto o líder do PL na Casa, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), protocolava o requerimento com 264 assinaturas — 90 delas de colegas de partido —, os deputados Antonio Carlos Rodrigues (SP) e Robinson Faria (RN) optaram por não endossar o pedido. Com isso, foram os únicos entre os 92 membros da bancada que se abstiveram da iniciativa que tem gerado forte repercussão política no Congresso e na sociedade civil.
A reportagem da Veja procurou ambos os parlamentares para que se manifestassem sobre a decisão, mas até o momento não houve resposta. O silêncio chama atenção, principalmente considerando o histórico político dos dois. Antonio Carlos Rodrigues ocupou o Ministério dos Transportes no segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), sendo exonerado após a abertura do processo de impeachment em 2016. Já Robinson Faria é ex-governador do Rio Grande do Norte e pai de Fábio Faria, que foi ministro das Comunicações no governo de Jair Bolsonaro (PL).
O projeto de anistia tem sido interpretado por críticos como uma tentativa de apagar ou minimizar as responsabilidades dos envolvidos nos atos que culminaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília. O pedido de urgência permitiria que a proposta fosse votada diretamente no plenário, sem passar pelas comissões temáticas — uma estratégia para acelerar sua eventual aprovação.
A posição de Rodrigues e Faria pode indicar uma cautela política diante de um tema sensível, que ainda divide opiniões tanto entre parlamentares quanto entre eleitores conservadores. Ainda que não tenham se pronunciado publicamente, a ausência das assinaturas revela um gesto de dissidência em meio à adesão maciça da bancada do PL, majoritariamente alinhada ao ex-presidente Bolsonaro e favorável à anistia.
Enquanto o debate sobre o projeto avança na Câmara, cresce a pressão de setores da sociedade e de entidades jurídicas e acadêmicas contrários à anistia ampla. Para esses grupos, tal medida poderia representar um retrocesso no processo de responsabilização dos envolvidos nos atos antidemocráticos e abrir precedentes perigosos para futuras crises institucionais.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/os-deputados-do-pl-que-se-abstiveram-de-apoiar-urgencia-para-a-anistia-do-8-de-janeiro/