1 de fevereiro de 2025
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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou neste sábado que tem o sonho de governar Minas Gerais e que vai avaliar os próximos passos na política em breve. Segundo ele, foi motivo de “honra” ter sido citado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato a governador em 2026. Ele também se disse honrado com a possibilidade de passar a integrar o governo com a reforma ministerial.

— É um sonho que sempre tive ser governador, mas isso depende de muitas variáveis e o momento hoje não é dessa reflexão. Fico honrado de um presidente como Lula, um ser humano extraordinário, externar esse desejo (de disputar o governo de Minas Gerais), me sinto honrado — disse Pacheco. — Eu me sinto honrado de ser lembrado para posições de ministro de Estado, seja para governador do estado. É motivo de orgulho, mas é uma avaliação que tem que ser feita a seu tempo.

Ele dá entrevista neste sábado sobre a eleição para a sua sucessão no comando da Casa. Ele afirmou que um dos marcos da gestão foi a defesa da democracia, em referência à trama golpista na gestão de Jair Bolsonaro. A Polícia Federal indiciou 40 pessoas no caso, incluindo o ex-presidente,

— A defesa da democracia foi a tônica em momento de negacionismo, de negação da obviedade que a democracia deve ser garantida. Foram quatro anos difíceis em alguns aspectos, mas conseguimos fazer coisas marcantes — disse Pacheco.

Pacheco acrescentou que o Congresso deve agora discutir aprimoramentos nas emendas parlamentares, que estão no centro de um impasse entre Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).

— Queremos que as emendas parlamentares sejam garantidas com transparência, com controle e com governança. Considero que depois da reforma tributária, depois de 40 anos, ao corrigir o sistema de arrecadação, agora o Congresso deve discutir o sistema de gasto público, inclusive emendas parlamentares — afirmou Pacheco.

O pleito no Senado acontece nesta manhã, e a tendência é que o senador Davi Alcolumbre (União-AP) seja eleito.

Pautas econômicas

Ele deixa hoje o comando da Casa após privilegiar, por quatro anos, a tramitação de propostas econômicas. Mineiro, o político reconstruiu relações ao longo da jornada, se afastando de forças ligadas ao bolsonarismo e se aproximando do presidente Lula. Nome preferido do petista para ser candidato ao governo de Minas Gerais, Pacheco também sai de cena cotado para assumir um ministério.

No chão do plenário, uma das principais marcas, como no caso de Arthur Lira, foi a aprovação da Reforma Tributária. A gestão de Pacheco atravessou a crise da pandemia e teve que lidar com o crescimento da polarização.

Com Jair Bolsonaro, que o apoiou na primeira vez que assumiu o Senado, em 2021, Pacheco teve uma relação inicial de parceria. Mas houve um afastamento e o senador passou a ser alvo de apoiadores do ex-presidente. Com Lula, a relação se aprofundou. O petista chegou a falar que, mesmo quando o presidente do Senado “está zangado”, o “governo consegue aprovar tudo”. Durante a semana, o presidente fez questão de dar um empurrão para as eleições de 2026:

— O que eu quero é que o Pacheco seja governador de Minas Gerais.

Pacheco negociou a lei que estabeleceu o arcabouço fiscal, regra idealizada pelo governo Lula para disciplinar o crescimento das despesas, e o Desenrola Brasil, programa de negociação de dívidas pessoais. Também foi durante a presidência de Pacheco que foi criada a bancada feminina, o que permitiu às senadoras ter representação nas reuniões dos colégios de líderes.

Avanços e agenda travada

O presidente do Senado usou ainda o mandato para acenos a Minas Gerais, sua base eleitoral, com a criação do programa de renegociação de dívidas dos estados, que oferece melhores condições para o pagamento, com abatimento de juros em troca do atendimento de alguns requisitos, e de um Tribunal Regional Federal para atender exclusivamente Minas.

Pacheco, ao mesmo tempo, se dispôs a avançar com temas que mudariam partes do arcabouço jurídico do país, mas que não foram analisados. Alguns deles seriam fazer uma atualização de vários trechos do Código Civil, acabar com a reeleição para todos os cargos eletivos e mudar a lei do impeachment. A gestão de Pacheco também deixou de analisar projetos de reforma eleitoral que foram chancelados pela Câmara.

— Há temas que foram prioridade para ele e outros que acabaram não avançando, mas não fica na conta dele, não avançaram por um sentimento da própria Casa — diz o líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho (PB).

Um dos primeiros dilemas que o presidente do Senado teve que enfrentar, logo após ter sido eleito pela primeira vez, foi a decisão de apoiar ou não a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a forma como o governo Jair Bolsonaro conduzia a crise da Covid-19. Pacheco se negou a instalar o colegiado, mas a comissão acabou sendo viabilizada após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Com o andamento dos trabalhos da CPI, Pacheco passou a se distanciar de Bolsonaro. O processo foi acelerado no ano seguinte, com a escalada no discurso golpista do ex-presidente e com a atuação de Pacheco em defesa das instituições e do sistema democrático.

— Ele (Pacheco) garantiu um funcionamento regimental, constitucional. No momento mais grave, nós contamos com a participação pessoal dele, o que ajudou bastante na preservação do Estado Democrático de Direito — afirma Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Pandemia.

Quando reeleito, em 2023, Pacheco passa a ficar do lado oposto do bolsonarismo, ao derrotar Rogério Marinho (PL-RN) na disputa pelo comando da Casa. Inicialmente, Pacheco resolveu alijar PL, PP e Republicanos, que apoiaram Marinho, de todas as presidências de comissões, e deixou os partidos sem relatorias importantes. Depois, houve modulação na relação e Pacheco, em parceria com o aliado Davi Alcolumbre (União-AP), que buscava o apoio da oposição para comandar a Casa neste ano, patrocinou temas de interesse do bolsonarismo, como o projeto que endurece a concessão das saídas temporárias de presos, a PEC que limita decisões individuais do STF e o marco temporal das terras indígenas.

Com informações de O Globo

Fonte: https://agendadopoder.com.br/pacheco-diz-que-tem-sonho-de-governar-minas-gerais-e-se-disse-honrado-com-possibilidade-de-ser-ministro/