
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, obteve nesta quinta-feira o visto para entrar nos Estados Unidos, mas com limitações severas caso acompanhe o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU, na próxima semana. A autorização restringe sua circulação a um raio de cinco quarteirões em torno do hotel onde estiver hospedado, permitindo deslocamentos apenas até a sede da ONU e representações brasileiras ligadas ao organismo.
A medida é incomum e, segundo interlocutores do governo, é até mais rígida do que as restrições impostas a diplomatas de países como Cuba, Síria e Rússia. Padilha só poderá circular em um perímetro de até cinco quarteirões a partir do hotel onde estiver hospedado, ficando restrito aos deslocamentos entre o local de estadia, a sede da ONU e as representações brasileiras vinculadas ao organismo.
Diplomatas de países como Cuba, Rússia e Síria geralmente enfrentam uma limitação mais ampla: não podem ultrapassar um raio de 40 quilômetros da ilha de Manhattan, contados a partir do Columbus Circle, uma movimentada rotatória localizada na região central da cidade. Para representantes desses países, as regras já foram motivo de críticas reiteradas em relatórios da ONU contra os Estados Unidos.
Restrições contestadas na ONU
De acordo com o Departamento de Estado dos EUA, a imposição de tais restrições é rara. Ainda assim, outros países como Rússia, Venezuela, Coreia do Norte, Irã e Eritreia já sofreram limitações semelhantes. No Relatório do Comitê de Relações com o País Anfitrião, publicado em 2024, representantes de Cuba e Síria acusaram os EUA de práticas discriminatórias ao manter restrições de 25 milhas — cerca de 40 quilômetros — a diplomatas.
“O representante de Cuba afirmou que a imposição pelo país anfitrião da restrição de viagem num raio de 25 milhas de Columbus Circle para membros de certas missões permanentes era discriminatória (…) Ele observou que aquela questão tinha sido repetidamente levantada no comitê”, registra o documento.
Último a conseguir o visto
Padilha foi o último da comitiva brasileira a receber visto para os EUA. No mês passado, a Casa Branca cancelou as autorizações de entrada da esposa e da filha do ministro, além de servidores que participaram do programa Mais Médicos, criado em 2013 durante o governo Dilma Rousseff. O governo dos EUA alegou que médicos cubanos envolvidos no programa eram vítimas de exploração de “trabalho forçado”.
Com o visto vencido desde 2024, Padilha solicitou a renovação em 18 de agosto. Questionado sobre a demora, o ministro reagiu com ironia. “Esse negócio do visto é igual àquela música, ‘tô nem aí’. Vocês estão mais preocupados com o visto do que eu. Eu não tô nem aí. Acho que só fica preocupado com o visto quem quer ir para os Estados Unidos. Eu não quero ir para os Estados Unidos. Só fica preocupado com o visto quem quer sair do Brasil, ou quem quer ir para lá fazer lobby de traição da pátria, como alguns estão fazendo. Não é meu interesse, está certo?”, afirmou, citando o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/padilha-enfrentara-nos-eua-restricao-de-circulacao-mais-rigida-que-a-aplicada-a-cubanos-sirios-e-russos/