Em um esforço para pavimentar apoio no meio evangélico, o prefeito Eduardo Paes tem intensificado suas visitas a igrejas, buscando apoio de pastores influentes. Esta estratégia visa prevenir ataques semelhantes aos que enfrentou em 2020, quando foi alvo de fake news com temas caros aos religiosos.
Paes está tentando equilibrar suas alianças políticas, atualmente concentradas em partidos de esquerda, fiéis ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na semana passada, ele recebeu o apoio do deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), pastor da Assembleia de Deus de Madureira, uma das maiores denominações evangélicas do Brasil.
Otoni, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condicionou seu apoio à garantia de que Paes não escolheria um representante do PT como vice em sua chapa. “A polarização acabou levando Paes para o lado do Lula. Mas ter ao lado um sujeito conservador, como eu, acaba por trazê-lo de volta para o centro”, afirmou Otoni.
O PT enfrenta dificuldades em conquistar o eleitorado evangélico desde a ascensão de Bolsonaro. Embora valorize a aliança com Lula, Paes prefere um vice de sua confiança, como o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ).
A aliança com Otoni foi formalizada em uma reunião no escritório do bispo Abner Ferreira, líder da Assembleia de Deus de Madureira. No sábado, Paes participou de um evento na Praça XV, comemorando o centenário da Assembleia de Deus no Rio de Janeiro, ao lado de Abner Ferreira. “A boa notícia é a seguinte: o Rio está cada vez mais de Jesus”, declarou Paes.
Otoni está organizando a presença de Paes no “culto da Santa Ceia”, um dos principais eventos da Assembleia de Deus, realizado no primeiro domingo de cada mês. Em abril, Paes participou de uma reunião de obreiros na igreja-mãe de Madureira, acompanhado pelo vereador Eliseu Kessler (PSD), também ligado à igreja. Na ocasião, Paes elogiou a atuação das igrejas na defesa das famílias e pediu que “orassem” por ele.
Recentemente, Kessler acompanhou Paes a um culto na Assembleia de Deus Ministério Jardim Palmares, na Zona Oeste do Rio. O prefeito também discursou aos fiéis em visitas à Assembleia de Deus na Cidade Nova e à Igreja Unida Deus Proverá.
Paes reforçou sua estratégia ao abrigar no PSD o pastor Deangeles Percy, articulador político da Igreja Universal do Reino de Deus no Rio, comprometendo-se a apoiar sua candidatura a vereador. Após essa aliança, Paes tem sido acompanhado por políticos ligados à Universal, como a deputada estadual Tia Ju e o vereador Inaldo Silva, ambos do Republicanos.
Durante a campanha de 2020, Paes foi alvo de ataques sujos, com panfletos distribuídos perto de templos da Universal e das Assembleias de Deus, tentando associá-lo a pautas que ele jamais defendeu, como o aborto e a liberação das drogas. Na época, orientado pelo marqueteiro Marcelo Faulhaber, Paes chamou seu adversário, Marcelo Crivella (Republicanos), de “pai da mentira” em um debate televisivo, uma expressão bíblica usada para apelar ao eleitorado evangélico.
Este ano, outros pré-candidatos também buscam apoio evangélico. Alexandre Ramagem (PL) trabalha para indicar uma mulher evangélica como vice, enquanto o deputado Tarcísio Motta (PSOL-RJ) dialoga com o pastor Henrique Vieira sobre estratégias para se aproximar dos fiéis e das pequenas igrejas.
Com informações de O Globo
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